domingo, 30 de agosto de 2009

2º Encontro da Reinações-Caxias

O mistério das aranhas verdes: convite ao mistério

Dangelo Müller

A leitura do simpático O mistério das aranhas verdes, de Ana Lee e Carlos Heitor Cony, leva o leitor a um passeio pelas terras cariocas, com direito à floresta da Tijuca e à orla de Copacabana, na companhia de Edgar Alan Poe, Conan Doyle e Agatha Christie – mestres consagrados do gênero. Seguindo os passos propostos pelo mistério policial, encontramos uma crise inicial, a descoberta de pistas, a formulação de hipóteses e a inusitada solução final. Se a “receita” é a mesma, os autores conseguem inovar apresentando Carol, a sagaz detetive adolescente, que segue os passo etéreos do “homem do terno branco”, o famigerado – e elegante – chefão de uma quadrilha de “profissionais do crime”.
Fiel ao gênero a que se propõe, a obra também segue algumas premissas da boa literatura infanto-juvenil. Lee e Cony apresentam ao jovem leitor uma visão emancipatória, claramente observada nas atitudes da intrépida Carol: o mundo burocrático e obtuso dos adultos é totalmente suplantado pelo jeito dinâmico e astuto da carismática menina de 13 anos. Além de tal elemento, outros ingredientes que se destacam são a visão dos autores quanto ao Estado (representado pela polícia) e suas políticas ineptas contra a violência, a presença de um “vilão” que foge ao estereótipo da categoria e a valorização das relações interpessoais – peça chave na solução do enigma das “aranhas verdes”. A obra também chama a atenção ao apresentar ao leitor a difícil situação da família cujo membro é sequestrado: a tensão, o nervosismo e as “soluções mágicas” buscadas mimetizam as dificuldades de um momento tão angustiante na vida de muitos.
Assim, Carol, essa Odisseu adolescente, segue sua jornada rumo à verdade, a única força capaz de unir e dar significado, aos estranhos eventos que se iniciam com uma pretensa perna quebrada e se concluem com o brilho de lindas esmeraldas. A obra é um interessante passaporte de acesso ao mundo dos mestres Poe, Conan Doyle, Christie, Chandler, Capote, Arlt entre outros.

Algumas fotos do 2º Encontro da Reinações-Caxias


O 28º Encontro

Nosso 28º encontro da REINAÇÕES foi marcado pela indicação de um livro para ser debatido feita por uma adolescente. Interessante perceber-se, afinal, o que atrai o olhar de um leitor juvenil, visto que Carolina Riter gostou muito da leitura de O mistério das aranhas verdes, de Carlos Heitor Cony e Anna Lee. Tanto que o indicou para nosso encontro de agosto. A coordenadora do encontro, Jacira Fagundes, teve a ideia de iniciar um debate com uma entrevista com a Carolina. Abaixo uma síntese da entrevista.



Entrevista com Carolina Riter


Jacira- Que motivos te levaram a indicar para debate "O mistério das aranhas verdes? Fala-nos sobre o que representou para ti a leitura desta obra.

Carolina – Eu indiquei este livro, porque, quando li, gostei muito, principalmente pelo tema de mistério. Ler este livro foi muito legal, acho que foi uma das melhores leituras que já fiz.

Jacira - Carolina, a protagonista, faz a figura de heroína, alguém que enfrenta o medo e riscos para desvendar um mistério. Alguma vez estiveste em situação de perto ou de longe parecida? Como foi que agiste?

Carolina – Acho que nunca passei por uma situação assim, mas se passasse eu tentaria mesmo assim desvendar o mistério.

Jacira - Além de Carol, que outro personagem na história é teu favorito? Quais as razões?

Carolina – Eu gostei também do Homem de terno branco, acho que por ele ser tão esperto de armar o crime e também por ele ser misterioso.

Jacira - O livro apresenta o personagem Chefão como um homem maduro, bonito e sedutor. Qual tua opinião sobre esta escolha dos autores?

Carolina – Acho que o “estilo” do Chefão lembra bastante um vilão, então os autores devem ter pensado isto também.



Jacira -Se pudesse, a adolescente Cacá mudaria alguma coisa na história de Carol e as aranhas verdes? Que coisa, por exemplo?

Carolina – Acho que eu não seria tão corajosa para enfrentar os bandidos “cara a cara”, então acho que tentaria solucionar o caso buscando mais pistas do que enfrentar “de perto” os vilões.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dois confrades nas costas do Jabuti

É com grande alegria que informo que dois de nossos confrades-fundadores são finalistas do prêmio Jabuti. O "Meu pai não mora mais aqui" (Ed. Biruta) de Caio Riter é finalista na categoria juvenil e o "E um rinoceronte dobrado" (Ed. Projeto) de Hermes Bernardi Jr. é finalista na categoria infantil. Um grande abraço de felicitações ao Caio e ao Hermes por essa conquista!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Zezé e o Meu pé de Laranja Lima


Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos

Heloisa Carla Coin Bacichette

A primeira vez que li o livro Meu pé de laranja lima era menina. A segunda, na adolescência. Agora, passados alguns anos, leio “a história de um meninozinho que descobriu a dor” pela terceira vez. Leituras diferentes, portanto. Mas, independentemente das fases que separam essas leituras, os sentimentos despertados são os mesmos: um misto de alegria ( pela magia das brincadeiras e invenções do Zezé) e desencanto (pela falta de sensibilidade dos adultos em relação ao universo mágico das crianças).
Aos nove ou dez anos de idade, eu tinha caderno de recordação, com capa amarela, onde anotava títulos e nomes de autores de livros de que mais gostava. Era nele que escrevia, também, nomes dos personagens, copiando, ao lado de cada um, suas falas mais bonitas. Lembro que depois de ter lido Meu pé de laranja lima, transcrevi várias passagens da comovente história de Zezé. Um dia, porém, não sei como, perdi meu caderno de recordações. Movi mundos para encontrá-lo, mas nunca soube do seu paradeiro. É obvio que não lembro de todos os títulos de livros da minha lista de preferidos. Mas, tenho ainda guardado um exemplar do Meu pé de laranja lima, capa azul, 11ª edição, onde aparecem minhas anotações. Muitas delas possivelmente selecionadas para serem registradas no caderno de capa amarela. E, creio eu, com a mesma emoção que agora sublinho outra passagem, falando de um sol que ilumina tudo de felicidade. Igual emoção que me levou a buscar outros livros do mesmo autor: Rosinha, minha canoa; Coração de Vidro; Palácio Japonês; Doidão; Arara Vermelha; Arraia de fogo e Rua descalça.
Por isso, se pretendemos analisar a obra Meu pé de laranja lima é necessário estar desarmado, com olhos de quem lê com o coração aberto, pronto para conhecer e viver uma história que mexe com os dramas humanos. Trata-se de um texto escrito numa linguagem simples, com narrativa linear. Mas, que nos mostra a habilidade de um autor/contador de histórias. Habilidade esta que dá ao texto a sustentação necessária para capturar a atenção do leitor para um encontro com nossa criança interior. Talvez este seja um dos maiores méritos de José Mauro de Vasconcelos: ter vivido tantas aventuras, convivido com pessoas de diferentes origens e lugares e conseguir apresentar os personagens e cenários em narrativas ricas em detalhes, prontas para serem partilhadas pelos mais diferentes públicos. José Mauro escreveu histórias com a intensidade de quem experimentou a vida.
Histórias como a do personagem Zezé, cinco anos de idade ( e que dizia ter seis) , um menino pobre, inteligente e sensível que sofria com a violência e a insensibilidade da família. A realidade de Zezé - que se aproxima da realidade de muitas crianças - comove e faz pensar no quanto o mundo adulto pode interferir ( positiva ou negativamente) no desenvolvimento de uma criança. Zezé busca o afeto que não encontra na família nas pequenas coisas, em especial no Pé de laranja lima, o Minguinho. E é através dessa amizade e do seu encontro com o “Portuga” que consegue superar suas tristezas e recuperar a esperança de encontrar a ternura que, em muitos momentos, pensou ter perdido para sempre.
A leitura de “Meu pé de laranja lima” é uma oportunidade para se lembrar o quanto as crianças ensinam quando nós, adultos, sabemos ouvi-las com atenção e o respeito que merecem.

Helô Bacichette é escritora e confrade da Reinações-Caxias. Autora de Kimbalo, O enigma das caixas e T de ti, T de ta, entre outros.

sábado, 15 de agosto de 2009

Palavra de Confrade 5: Laura Castilhos

Laura Castilhos é professora do Instituto de Artes da UFRGS e ilustradora. Já ilustrou diversos livros para várias editoras, tais como Projeto, Artes e Ofícios, L&PM e WS. Em seu trabalho como ilustradora, destacam-se os livros: A família Sujo, As histórias mais loucas do mundo, A mulher Gigante e Esquisita como eu.

1. Para você, em que aspectos a literatura feita pra crianças e adolescentes reina?
Reina na literatura infantil, em doses diversas, a fantasia, o lúdico, o engraçado, o triste, o medo, o horror, a rima e, em pequenas doses, o ensinamento. Na juvenil, a aventura, a ciência, a transição entre vida de criança e adulta, e outros itens mais (me identifico mais com a literatura infantil, devo confessar).

2. Qual o encontro da Reinações que mais marcou sua história de leitor? Por quê?
Gostei de todos os encontros. Ocorre de tudo um pouco: aprendo muito com as análises dos colegas, as calorosas discussões, as falas paralelas. A amizade que nasce entre os confrades. O livro que mais curti foi O gato malhado e a andorinha Sinhá, de Jorge Amado, indicado pelo Hermes Bernardi. Muito bem escrito, belíssimas ilustrações de Caribé e um projeto gráfico muito bom. Um livro que me deixou saudades.

3. Qual, na tua opinião, é a importância da ilustração num livro infanto-juvenil?
Acho que, na maioria das vezes, no livro infantil, a ilustração aliada ao texto pode corroborar com ele, ampliar sua leitura, auxiliar o pequeno leitor a entrar na história; em outras, a imagens pode atrapalhar, machucar o texto. Enfim é uma relação com a qual temos, todos os envolvidos na criação do livro, que ter muito cuidado e estarmos muito atentos.

4. Qual a relação ideal entre escritor e ilustrador ao se pensar no sucesso de um livro?
Varia. Na maioria das vezes, o editor indica o ilustrador do livro, salvo projetos feitos em parceria escritor e ilustrador. Considero que um livro tem que ter um texto de qualidade e uma ilustração que se vincule a ele, independente da condição que ocupe no livro. A imagem pode acabar com o texto e vice-versa.

5. Deixe aqui uma dica de leitura para os confrades. Não se esqueça de fazer um breve comentário sobre ela.
O último livro que li achei genial: O lago das sanguessugas, de Lemony Snicket (Cia das Letras). E triste e engraçado. Tem muito suspense. Conta inúmeras situações vividas pelos três irmãos orfãos, Violet, Klaus, e Sunny Baudelaire, em uma fuga interminável. A narrativa do escritor, que de quando em quando dialoga com o leitor é otima.

6. Que Palavra de confrade você gostaria de conhecer?
Gostaria de conhecer a palavra do Rodrigo Barcellos, novo confrade como eu.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Convites 28º PoA e 2º Caxias







As aranhas verdes

Confrades, abaixo e-mail da Francine (da Letras & Cia) avisando sobre chegada das Aranhas.

Entro em contato para avisar-te que o livro

MISTÉRIO DAS ARANHAS VERDES, O
Autor:CONY, CARLOS HEITOR
Editora: SALAMANDRA
R$ 23,10 (preço para os integrantes da Confraria)

já está disponível. Peço-te a gentileza de enviares este e-mail ao restante do grupo.


Atenciosamente,

Francine Spinelli
Letras&Cia - Livraria-CaféUm novo conceito em livraria.