O mistério das aranhas verdes: convite ao mistério
Dangelo Müller
A leitura do simpático O mistério das aranhas verdes, de Ana Lee e Carlos Heitor Cony, leva o leitor a um passeio pelas terras cariocas, com direito à floresta da Tijuca e à orla de Copacabana, na companhia de Edgar Alan Poe, Conan Doyle e Agatha Christie – mestres consagrados do gênero. Seguindo os passos propostos pelo mistério policial, encontramos uma crise inicial, a descoberta de pistas, a formulação de hipóteses e a inusitada solução final. Se a “receita” é a mesma, os autores conseguem inovar apresentando Carol, a sagaz detetive adolescente, que segue os passo etéreos do “homem do terno branco”, o famigerado – e elegante – chefão de uma quadrilha de “profissionais do crime”.
Fiel ao gênero a que se propõe, a obra também segue algumas premissas da boa literatura infanto-juvenil. Lee e Cony apresentam ao jovem leitor uma visão emancipatória, claramente observada nas atitudes da intrépida Carol: o mundo burocrático e obtuso dos adultos é totalmente suplantado pelo jeito dinâmico e astuto da carismática menina de 13 anos. Além de tal elemento, outros ingredientes que se destacam são a visão dos autores quanto ao Estado (representado pela polícia) e suas políticas ineptas contra a violência, a presença de um “vilão” que foge ao estereótipo da categoria e a valorização das relações interpessoais – peça chave na solução do enigma das “aranhas verdes”. A obra também chama a atenção ao apresentar ao leitor a difícil situação da família cujo membro é sequestrado: a tensão, o nervosismo e as “soluções mágicas” buscadas mimetizam as dificuldades de um momento tão angustiante na vida de muitos.
Assim, Carol, essa Odisseu adolescente, segue sua jornada rumo à verdade, a única força capaz de unir e dar significado, aos estranhos eventos que se iniciam com uma pretensa perna quebrada e se concluem com o brilho de lindas esmeraldas. A obra é um interessante passaporte de acesso ao mundo dos mestres Poe, Conan Doyle, Christie, Chandler, Capote, Arlt entre outros.
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