quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Comentários do Caio 3: Coração de Tinta

Para quem curte filmes que falam do amor pelos livros, uma bela surpresa, vista meio ao acaso (fui ao cinema paraver Bolt, mas não estava em cartaz), é Coração de Tinta, baseado no livro homônino de Cornélia Funke (imagem ao lado). Na trama, o protagonista Mortimer possui um estranho dom. É capaz de, ao ler um livro em voz alta, trazer ao real ou enviar para a ficção personagens. Desconhecedor de tal poder, o cara vai intergerir de forma contundente em sua vida e na de muita gente de carne e osso e também de gente de palavras. Filme bem-feito, bem construído, que encanta os olhos ao mostrar todo o poder que aqueles que amam livros e boas histórias possuem. Indico. Bom programa para a família toda.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natal na Confraria: palavras de Sérgio Napp

O Napp nos envia palavras poéticas, boas para pensarmos esta época natalina

uma estrela rasga o céu
não é uma noite igual
não é por certo o momento
de se dizer, não
sopra o vento de leve
e faz a roseira curvar-se
e o cheiro da noite é o cheiro
de noites antigas
eles vêm cantando
anunciando um menino
eles vêm falando
que a fé pode ser um menino
eles vêm pedindo
licença pros seus meninos
eles vêm sorrindo
será que são meninos?
e eu abro as mãos e ofereço
a minha casa modesta
a minha festa pequena
de quem não mais se lembrava
de um tempo de portas abertas
não é por certo o momento
do desacerto e do não
nasce um menino e com ele a esperança
será o momento de acalentá-los?

Grandes votos de Natal e Ano-Novo: que eles sejam quentes, ardentes,maravilhosos, alegres, coloridos, cheios de boas leituras e boas músicas, de planos e projetos; que os parentes não sejam serpentes, que os amigos sejam de fé, que os amores sejam arrebatadores, as paixões, avassaladoras; que os sonhos mais desejados não permaneçam apenas no desejo, mas que se transformem na mais rutilante das realidades.
Que tudo seja muito, muito, muito demais!
Que vocês sejam felizes e, mais do que felizes, brilhantes, elétricos e adoráveis.

Natal na Confraria: palavras de Jacira Fagundes

A confrade Jacira Fagundes nos manda um conto natalino.
O Menino e o bom velhinho

Aquela era a primeira vez que encaravam a proximidade; estavam os dois, assim, frente a frente. Nos anos anteriores, a decoração do shopping abrangera vários espaços temáticos. Mas desta vez o pessoal responsável optara por um espaço único, uma praça surpreendente onde cabia todo o encantamento de uma Noite de Natal.
O primeiro a falar fora o velhinho, num raro momento de descanso entre uma foto e outra. O Menino talvez ainda dormisse, mas aquela voz rouca interrompeu seu despretencioso sono de criança.
- Como você é bonitinho, face rosada, este rostinho cheio. Fica aí todo tempo deitado nesta caminha dura, sem um colchãozinho decente, você não cansa, não lhe doem as costas?
- Estou acostumado e, além do mais, sou pequenino, não tenho cansaço pra carregar. Você, sim, tão velhinho, aí sentado o dia inteiro, sempre posando pra foto. Não queria estar no seu lugar.
- Não queria mesmo? Duvido. Percebeu como o povo todo me rodeia, como as> crianças me adoram, fazem questão de tirar foto comigo. Você está é com ciúme.
- Não é bem ciúme... me botaram aqui no mesmo dia em que armaram esta sua cadeira enorme na minha frente. Eu fiquei imaginando que só poderia ser para alguém muito importante – um trono. Só não sabia que era gente de tanto conhecimento, uma celebridade com tantas visitas para receber e conversar. E ainda rodeado de crianças. Elas só querem saber de você, nem se aproximam para me olhar, eu fico muito triste com esta indiferença de parte das crianças, principalmente.
- Pois deve ser triste mesmo, indiferença corrói a alma da gente. Mas aqui no shopping é tudo uma concorrência danada, pode até ser injusta, mas> competição é competição. O povo compete pelos presentes, as lojas competem pelos clientes, a criançada compete pelos brinquedos. Você nem imagina os pedidos dos pequenos, são de arrebentar qualquer bolso, e principalmente a bolsa, ainda mais com esta crise. E você aí neste ostracismo, deitado nesta mangedourazinha, não faz nada pra resgatar sua importância, que sei, é bem> maior que a minha, meu caro Menino.
- Tenho consciência disso. Mas as crianças não têm culpa. Sou capaz de apostar que nem meu nome elas sabem.
- Será? Mas você sabe quem sou eu.
- Claro que sei. Há meses que nesta terra só se fala em você. Jornais, outdoors, propagandas na TV, na Internet, em toda parte só dá você. Aliás, a gente está aqui conversando e eu nem sei se você é o verdadeiro ou uma das tantas imitações que andam por aí. Tem roupa sua por toda parte, qualquer um faz uma réplica barata, inventa barriga, cola uma barba horrorosa na cara, fica destilando dentro desta roupa incômoda e sai por aí. Olha, sem querer lhe desprestigiar, outro dia escutei que tem até bandido aproveitando a ocasião e se fazendo passar por você. Pelo menos disso eu estou livre.
- Lá isto é verdade. E vocêzinho aí vai ficar nesta plenitude, esperando que o povo se dê conta que é seu aniversário que está pra chegar? Esta gente é muito cara de pau, fica exigindo presente no seu lugar, uns aproveitadores é o que são. E o comércio bate palmas e enche o caixa. Sabe do que mais? Mexa-se. Ponha a boca no trombone, chame os seus amigos anjinhos, eles sabem tocar aqueles clarinetes com perfeição, podem convocar um pessoal pra sua festa onde você é que o aniversariante e o homenageado.
- Vou lhe contar um segredo. Eles mais preferem me ver morto do que vivo.
- Cruz credo! Que pecado, uma coisinha linda igual você.
- Não, não é bem assim. Sabe a sexta-feira da Paixão? É quando o povo enche as igrejas só para olhar meus pés e mãos furados de prego. E a coroa de espinhos na minha cabeça. Aí eles gostam, se sentem condoídos, fazem orações, alguns até choram. É a culpa, porque não me acompanharam desde pequenino como agora.
- É, vá entender. Opa, opa! Vamos ter que encerrar nosso assunto, Amiguinho. Vem vindo um bando de crianças, todas portando máquinas digitais, coisa bem chata. Até mais tarde.
- Antes, posso lhe pedir um favor, unzinho só?
- Você manda, meu Menino.
- Eu queria que, se fosse possível, você levantasse do seu trono e passasse aqui pro meu lado e pedisse que o fotógrafo do shopping batesse uma foto sua e das crianças, comigo junto. Depois que todos se forem você me mostra. Combinado?
- Combinado.
- Ah, você é mesmo o verdadeiro e bom velhinho, Papai Noel. Vai ser meu presente de Natal. Obrigado!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Notícia 5: Próximos encontros

Confrades, segue nosso noticiário:


NOTÍCIA 1:
O confrade Dilan Camargo foi o grande vencedor do Prêmio Açorianos de Literatura Infantil, no dia 15/12, com seu livro de poesias "Brincriar". Parabéns, Dilan!




NOTICIA 2:
no encontro do dia 11, foram definidas novas leituras. São as seguintes:




JANEIRO, DIA 15 - As aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain


FEVEREIRO, DIA 12 - A história sem fim, de Michael Ende


MARÇO, DIA 17 - Foguinho, de Jules Renard

Observamos que, a partir de MARÇO/2009, nossos encontros passarão a ocorrer nas terceiras terças-feiras. Ok? Agendem-se para os encontros.




NOTÍCIA 3:
A confrade Marô Barbieri sugeriu um encontro especial da REINAÇÕES. Ele ocorreri na primeira quinzena de Janeiro, e a idéia é reunirmos em GRAMADO, num sábado, aproveitando para realizar momento de integração e de passeio. Lá debateríamos o livro OS CONTOS DE BEEDLE, O BARDO, de J.K. Rowlins. Seria um dia de encontro e de trocas literárias. Para Marô organizar, precisamos de, no mínimo 10 confrades. Se fecharmos em 10, o valor do transporte ficaria em R$ 40,00. Quem topar, favor enviar e-mail confirmando. Ok?



Ah, e o mas rápido possível.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Trailler de O menino do Pijama Listrado

Pessoal, abaixo e-mail da Márcia Dreizik sobre nossa última leitura. Tem link pro trailler do filme.

Prezados confrades,
estou enviando o trailer (favor clicar ou copiar o link abaixo) do filme realizado a partir do livro O menino do pijama listrado, de John Boyne, editado pela Companhia das Letras.
Sobre o autor: o irlandês John Boyne, nascido 1971, é autor de seis romances e uma coletânea de contos.
Na contracapa, lê-se: «Esta é uma história especial e muito difícil de descrever. Embora fosse normal incluir aqui algumas pistas sobre o livro, mas neste caso acreditamos que isso poderia prejudicar sua leitura, e talvez seja melhor realizá-la sem que você saiba nada sobre a trama". > Na última capa, lê-se: "Um livro maravilhoso" - The Guardian
Abraço, Marcia

http://www.youtube.com/watch?v=N5FU-yDC-uI&eurl=http://mixcelania.blogspot.com/2008/10/o-menino-do-pijama-listrado-john-boyne.html&feature=player_embedded

domingo, 7 de dezembro de 2008

Palavra de Confrade 1: Christian David

A partir deste mês, vamos iniciar novo post que visa apresentar os confrades e saber um pouco sobre o que eles pensam sobre a LIJ. O primeiro convidado a expor suas idéias foi o escritor Christian David. Com dois livros publicados — O Rei e o Camaleão (Fumproarte) e Mão Dupla (Artes e Ofícios), Christian é confrade-fundador da Reinações, tendo participado de todos os encontros ocorridos até o momento.

1. Para você, em que aspectos a literatura feita pra crianças e adolescentes reina?

Reina nos dois sentidos, é a literatura que eu leio habitualmente e com a qual mais me delicio, principalmente a de cunho fantástico, portanto reina nas minhas preferências, mas reina também, no sentido de alardear e fazer notar-se, por ser uma literatura que me faz pensar e refletir sobre as pessoas e as situações acabando por balançar minha "caixa de inquietações".

2.Qual o encontro da Reinações que mais marcou tua história de leitor? Por quê?

Todos me marcaram e contribuiram para a minha caminhada literária de alguma forma, mas o encontro do Peter Pan acabou sendo ainda mais marcante pois foi um texto que me deu grande prazer na leitura e, durante o debate, mexeu naquela minha "caixa" da qual falei anteriormente.

3. Como você percebe a leitura feita para crianças e para adolescentes noBrasil?

Acredito que temos obras e autores de grande qualidade e que ainda precisam ser descobertos pelo grande público. Espero que, aos poucos, as grandes editoras comecem a apresentar e editar esses autores e a acreditar na possibilidade de uma literatura para crianças e adolescentes feita aqui e mostrando a riqueza cultural que é tão obvia em outras artes como a música, por exemplo.

4. A literatura infanto-juvenil contemporânea tem trilhado vários caminhos, tais como: social, intimista, de aventura. Que tipo de texto te atrai como leitor e como escritor? Por quê?

O texto que mais me atrai é o de aventura, principalmente o de aventura com um toque fantástico. Acho que minha origem leitora proveniente dos quadrinhos acabou por gerar uma predileção por esse tipo de literatura. Ultimamente acabei descobrindo a literatura juvenil de cunho intimista e tenho tido agradáveis surpresas tanto escrevendo quanto apreciando esses textos.

5. Deixe aqui uma dica de leitura para os confrades. Não esqueça de fazer um comentariozinho sobre ela.

Deixarei duas. Do confrade Caio Riter, recomendo seu mais recente, Meu pai não mora mais aqui, livro delicioso e impossível de largar antes do fim.
De Meg Cabot, autora do Diário da Princesa, autora da qual eu pensei que nunca leria nada, recomendo toda a série A Mediadora, seis livros que misturam a vida escolar e os anseios de adolescente com histórias de fantasmas e aventuras sobrenaturais. E com o extra de conter um irresistível romance adolescente.
6. Que Palavra de confrade você gostaria de ler? Gostaria de ler as palavras da Beatriz Abuchaim

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Comentários do Caio 2: O menino do Pijama listrado

Não quero fazer crítica literária; não quero escrever sobre o impacto que o livro do John Boyne me causou; não quero falar da sensação de desacomodamento e como creio que isto seja importante na literatura; não quero abordar a arquitetura do livro; não quero falar sobre o quanto forma e tema se aliam para o prazer estético, mas não só; não quero nada. Apenas deixar que estas palavras falem por si só. Afinal, dia 11 se aproxima e, com ele, a possibilidade de trocar idéias no nosso 20º Encontro. Até lá!

Convite Levitan


Convite Sergio Napp 2


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Convite Luís Dill

A confrade Márcia Dreizik envia convite para lançamento do livro "Todos contra Dante", do confrade-fundador Luís Dill. Momento bom para se falar sobre a literatura feita para adolescentes. Dill tem 19 livros publicados e, com seu "Letras Finais", foi finalista do Jabuti em 2006.


domingo, 16 de novembro de 2008

Mensagem da Beatriz Berman sobre o texto da Maira Knop

A partir de nosso debate sobre o clássico da literatura brasileira, Ou isto ou aquilo, da Cecília Meireles, a confrade Maira Knop produziu um sensível texto sobre a poesia de Cecília. Crítica que foi publicada no DOBRAS DA LEITURA.
Pois a Beatriz Berman, ilustradora do livro, deixou recado bacana sobre o texto da Maira. Segue abaixo:


"Pois é, entrei distraída na internet e me encontrei com este belo e querido comentário sobre meu trabalho com o livro Ou isto ou aquilo. Já que foi tão sacaneado e mal criticado, sendo que fiz com o maior amor e cuidado, se tratando de obra tão importante. Agradeço o comentário carinhoso sobre o meu trabalho. Obrigada, Beatriz Berman"

sábado, 15 de novembro de 2008

Comentários do Caio 1: Carla e Peter

Confrades,
a Carla e o Peter não são personagens saídos de algum dos tantos livros debatidos nos encontros da REINAÇÕES (Aliás, o especial na 54ª Feira do Livro já entrou para a história da Confraria como o mais concorrido, contando, inclusive, com participações especiais de escritores de fora do RS: a Rosana Rios e o Tiago de Mello Andrade), mas são pessoas especiais na REINAÇÕES. A Carla Laidens, apesar de atualmente residente em Londres, tem elaborado nossos convites, cada qual mais lindo que o outro. O Peter O´Sagae, um dos responsáveis pelo site DOBRAS DA LEITURA, tem acolhido a REINAÇÕES,inclusive incentivando que a gente produza textos sobre os livros discutidos. Atualmente, está no ar o do Cláudio Levitan, sobre o Mágico de Oz. A Jacira Fagundes produziu um análise muito legal sobre A Fantástica Fábrica de Chocolate, que logo estará disponível no DOBRAS.
Mas ainda há muitos livros carentes de crítica escrita. Animem-se e escrevam. Depois é só me mandar que eu redireciono para o Peter.
Quem quiser conferir nossos textos, acesse www.dobrasdaleitura.com

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Convite Mão Dupla


Dia 06 de novembro às 17h na área infantil e juvenil da Feira do Livro de Porto Alegre.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Partida irreparável


Elias José, poeta, criança grande, partiu sem aviso. Foi entreter aos anjos do céu, pois aos da Terra deixou um mundo de palavras e sorrisos que não têm jeito de sair da memória.

Posso até imaginá-lo, sentado em uma nuvem branquinha, a fazer estrepulias com sonhos de gente que nunca perdeu a alegria de ser criança.

Meu pesar
Hermes Bernardi Jr.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Lançamento O MENINO DO LIVRO

Jacira Fagundes lança seu "O Menino do Livro" neste dia 12 de junho, às 16h, na Biblioteca Infantil Lucília Minssen, na Casa de Cultura Mário Quintana.
O Menino do Livro narra a história de uma figurinha de papel que, ao ser recortada de um livro sem capa, velho e rasgado, transforma-se num boneco falante. Amigos pra valer, Rafa e o Menino do Livro brincam e se divertem em casa e na escola como dois meninos quase de verdade, uma vez que o boneco, sendo de papel, precisa ser carregado dentro da mochila de Rafa e necessita de ajuda para se manter de pé. Menino do Livro quer encontrar seu nome verdadeiro e conhecer sua história, e para isso, ele e Rafa decidem viajar em segredo pelos livros de histórias do universo infantil. Descobertos, eles terão ajuda da irmãzinha Laura e da prima Cris para o sucesso no plano. Aventuras extraordinárias, encontros inusitados com personagens de histórias consagradas na literatura infantil, serão vividos pela dupla na busca da identidade do Menino do Livro. A obra discute de forma divertida as questões de lealdade, companheirismo e identidade, jogando intensamente com o imaginário infantil.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Convite Mão Dupla

Dia 6 de junho às 19h na Livraria Cultura estarei lançando meu novo livro, Mão Dupla, pela Artes e Ofícios Editora. Espero que todos possam aparecer por lá.




Segue abaixo parte do release da editora.

Após um infeliz acontecimento, o jovem Tiago tem sua vida transformada.Ao ver-se diante — ou no centro — de tantas transformações, precisa buscar uma forma de entender o que a vida lhe tirou. Precisa encarar o dia-a-dia de um jeito diferente.

Novo olhar sobre o já vivido?

Ao buscar(-se), encontra novos caminhos e uma surpresa boa: há muitas possibilidades de ser, de viver, de se relacionar com os outros e de olhar para si mesmo.Numa narrativa rápida, o autor revela toda a angústia de um adolescente que precisa encarar a vida à bordo de um corpo diferente, corpo no qual falta um pedaço. Esse, o “grilo”: em plena adolescência, fase de inseguranças e dúvidas, Tiago precisa enfrentar, ainda, o medo de não ser aceito e de não conseguir encontrar seu lugar no mundo.

Sobre Diogo & Diana

Diogo & Diana: uma aventura fantástica brasileira

por Christian David

O livro Diogo e Diana Vol. 1 – Meu vizinho tem um Rotweiller (e jura que ele é manso), de Tabajara Ruas e Nei Duclós, lançado pela Galera Record, parece ter o necessário para proporcionar bons momentos de divertimento e de deleite, uma tantas das funções da literatura feita para crianças e adolescentes. Pode-se perceber isto pelo texto da contracapa que apresenta o livro trecho: “Dois adolescentes com poderes mágicos, bruxas que raptam crianças e muito mistério. Como cenário a bela Florianópolis de natureza exuberante e navios encalhados no fundo do mar”. Tanto o longo título quanto a apresentação do livro prometem diversão e, de fato, é isso que podemos esperar ao lê-lo, principalmente pelos seguintes motivos:

A história é atrativa, os personagens são envolventes e o ambiente parece convidar à aventura. Já na primeira página, os autores instigam a imaginação do leitor sugerindo que os jovens protagonistas viverão uma aventura de proporções épicas. Num clima de mistério, os autores gradativamente apresentam Diogo e Diana — dois adolescentes com habilidades fora do comum — e continuam brincando com nossas expectativas ao introduzirem no texto pequenos fatos, aparentemente corriqueiros, que vão pintando o pano de fundo da história. Diogo e Diana não são adolescentes óbvios. Mesmo que, algumas vezes, seus diálogos e preocupações pareçam inverossímeis, eles são, definitivamente, cativantes.

A narrativa é de aventura, com todas as suas particularidades. Assim, o público leitor é o mesmo que se sente atraído pelas aventuras de Harry Potter, Artemis Fowl e Fronteiras do Universo. Diogo & Diana (Vol.1) com certeza agradará também a muitos dos leitores de Crônicas de Nárnia e O Senhor dos Anéis, ou seja, é texto ideal para aqueles que gostam de histórias de fantasia, mescladas com momentos de tensão e humor. A Manada — o grupo musical formado por algumas das irmãs muito obesas de Diana — é uma idéia interessante que proporciona alguns dos momentos bem-humorados do livro, potencial que, a meu ver, poderia ser melhor explorado, havendo maior espaço para as “grandes” artistas no decorrer da narrativa. Além do humor, há alguns momentos de tensão (e quase terror) no enfrentamento dos jovens e de seus apoiadores contra o time das bruxas. São passagens bem intensas, que prendem a atenção, constituindo um dos pontos altos da história.

Diogo & Diana (Vol.1) é um marco nesse tipo de literatura infanto-juvenil no Brasil, pois, até onde eu consigo me lembrar, somente em autores estrangeiros buscamos este tipo de aventura fantástica, ambientada em cidades meio reais, meio inventadas, que capturam a atenção de um público que começa aos dez e vai até sei lá que idade. E esse é que considero o principal mérito do livro. Diogo e Diana – Vol. 1 se encaixa nesta nova vertente de histórias fantásticas, voltadas ao público adolescente e capitaneada pelos autores do Reino Unido e países adjacentes (além dos já citados ver também Os Seis Signos da Luz e JJ e a Música do Tempo, por exemplo), que tiveram o mérito de descobrir ou relembrar que essa faixa de público tem capacidade de ler qualquer texto interessante, ainda que tenha mais de cem páginas. Parece-me importante e saudável que também aconteça entre os nossos autores o ingresso nesse mercado em formação, mas em plena expansão. Afinal, a literatura infanto-juvenil nasceu sob o signo da aventura, da fantasia, do fantástico.

Outras questões poderiam ainda ser consideradas, tais como a questão da diferença de estilo perceptível em alguns capítulos, a linguagem pouco apropriada dos personagens adolescentes em algumas passagens do texto e a exploração acanhada de algumas cenas com grande potencial.Todavia, estas são questões menores frente ao saldo positivo que o livro traz. Além disso, nenhuma delas chega a apagar o brilho da aventura que Tabajara Ruas e Nei Duclós plantam nos corações de seus leitores.
Como última observação, acredito que, se, nos próximos dois livros (o proposto é uma trilogia), os autores se fixarem mais na aventura em si, reforçando o embate entre o Bem e o Mal apenas esboçado neste primeiro volume, e deixarem que os personagens desenvolvam seus dramas pessoais sem que isso pareça intencional ou arranjado, teremos mesmo outros agradáveis momentos de diversão chegando por aí.


Reproduzo abaixo o comentário que o Nei deixou no meu blog pessoal após ler o texto, que está postado lá no Dobras da Leitura (http://www.dobrasdaleitura.com/).

Christian, te agradeço pela resenha, com boas colocações sobre o livro, com uma visão isenta e para cima, acertando no veio e nos revelando algo que me escapava: o livro, essencialmente de literatura brasileira, se sintoniza com uma linhagem fecunda da literatura inglesa. Obrigado e parabéns. Coloquei um comentário e um link no meu blog http://outubro.blogspot.com

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pinóquio - Do tosco ao humano, a padronização.



Na apresentação de As aventuras de Pinóquio (Editora Paulinas-1989), tradução de Liliana e Michele Iacocca, Liliana afirma “Pinóquio não é príncipe, não é rei, não é super-herói. É um pedaço de pau que está dentro da gente, dentro de quem quer virar gente.”

Pinóquio está em terceiro lugar no ranking dos livros mais vendidos, como a Bíblia e o Alcorão. A sedução ao texto de Carlo Collodi, de nome original Carlo Lorenzini, ficou gravada na memória de muitos leitores através da característica do personagem central, um boneco de madeira que, ao mentir, seu nariz crescia delatando-o. Mas há mais a investigar nesse texto que se perpetua no imaginário de leitores de todas as idades do que apenas o espaço do certo e do errado no desenvolvimento infantil.

Como bem diz Liliana, Pinóquio é um pedaço de pau que está dentro da gente. Nascemos toscos, sem limites, sem enquadramento no que venha a ser coerente e aceitável como comportamento social. Mais do que um menino meramente egoísta, Pinóquio é uma criança ingênua, começando sua caminhada num mundo repleto de armadilhas a tentá-lo em sua essência primordial, em seu aspecto mais humano, a pureza.

Para que venha a se transformar em menino, como é de seu desejo, Pinóquio precisa se aventurar no mundo e descobrir seus limites, como marionete à disposição do joguete social que os adultos lhe impõem. Quase como que lhe dizendo, o mundo é um lugar cruel, injusto até, sobrevivem os fortes, os que se enquadram, os que se submetem ao polimento de sua madeira em estado bruto.

Pinóquio é um menino indefeso, que, para ser “gente” precisa se adequar ao sistema imposto. Isso fica muito claro na ilustração final, de Nino e Silvio Gregori, da edição a que me refiro. Lá está Gepeto moldando uma rica moldura de folhagens. Pinóquio vê no espelho, numa sobreposição de imagens difusas, sua transformação de boneco a menino. Este, em primeiro plano, em cores, a imagem bem definida de menino. Ele usa roupas de menino bom, com laçarote na gola, cabelos bem alinhados e olhos azuis. O texto final ressalta esse aspecto sugerindo que a madeira foi polida e embaixo dela descoberta sua natureza bela tal qual a perfeição de um ramalhete de flores “...viu a imagem viva e inteligente de um bonito menino de cabelos castanhos, olhos azuis e com ar alegre e festivo como um buquê de rosas...” e mais adiante, num dos últimos parágrafos, quando Gepeto refere-se às mudanças ocorridas na casa, diz ao menino Pinóquio “Porque quando os meninos mal comportados se tornam bons, conseguem dar alegria e felicidade também para a sua família.”

O egocentrismo peculiar à idade sendo vítima de sua própria essência pueril é destacado em Pinóquio. Essência essa que o joga no mundo permitindo-lhe encantar-se por ele, sem temores ou prudência, descobrindo que ser “gente” reside em olhar o outro, em zelar pelo outro, sendo que para isso faz-se necessário controlar seus impulsos naturais a fim de enquadrar-se no mundo dos Homens, com seus códigos obscuros e cerceantes da natureza criativa e aventureira.

Pinóquio, antes de ser uma obra moralista a ensinar a ser um menino bom, é uma metáfora do desenvolvimento infantil a fim de contemplar os padrões de comportamento da época. Quem de nós, crianças ainda, não abandonaria o caminho da escola para assistir ao Grande Teatro de Bonecos? Quem de nós, crianças ainda, resistiria à possibilidade de plantar cinco moedas de ouro e vê-las frutificar em duas mil para ajudar ao seu humilde pai? Nenhum pedaço de pau que quer virar gente resistiria a essas situações se não tivesse dentro de si a “gente” que deseja ser, que, sobrevivente no íntimo, mantém intacta a capacidade de se maravilhar com o mundo lapidando-se no risco da aventura, no erro, nos acertos, nas dúvidas, do que não está nas cartilhas escolares a fim de salvaguardar o bem padronizado da sociedade.

Não se trata de aqui fazer uma apologia à subversão, mas resistir às embalagens impecáveis e sem conteúdo que se negam ao valor da experiência vivida. Talvez, o próprio Carlo Lorenzini, com esta obra escrita na Itália, em 1881, no Giornale per i bambini na forma de folhetim sob o título Storia de un burattino, quisesse dizer à humanidade que por mais erros que alguém venha a cometer, e mesmo o autor tendo abandonado o seminário tal qual seu personagem abandona a escola, todos precisamos de inúmeras chances, basta que estas nos sejam oferecidas com a delicadeza de quem não esqueceu seus tempos de madeira bruta. E, pela urgência dessa postura, Pinóquio continua atual.


Por Hermes Bernardi Jr. (escritor de LIJ, confrade fundador da Confraria Reinações, Coordenador AEILIJ-RS)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Agradecimento à Carla Laidens

A REINAÇÕES inicia seu segundo ano. Doze livros debatidos, infinitas leituras realizadas. Afinal, é no debate que vamos alargando horizontes e percebendo visões diferenciadas sobre o mesmo livro, o que, com certeza, assegura seu caráter de Arte, à medida que propõe visões plurais. E nesse ano de atividades, muitos foram os confrades que colaboraram com a consolidação da REINAÇÕES. Um dos confrades é a CARLA LAIDENS. Além de fundadora, Carla acabou se tornando, a partir do encontro sobre "O Mágico de Oz", coordenado por ela, nossa oficial criadora dos convites. Porém, dia 25 de abril, Carla voou para Londres. Não sem antes deixar os três próximos convites prontos. Convites que os confrades irão recebendo conforme as datas dos debates forem se aproximando: "Ou isto ou aquilo", de Cecília Meireles; "O pequeno príncipe", de Saint-Exúpery; "Bisa Bia, Bisa Bel", de Ana Maria Machado. Nosso agradecimento público à Carla Laidens e nosso desejo de que, mesmo na distância física, ela permaneça presente, acompanhando os caminhos da Confraria em cuja criação ela auxiliou.

Caio Riter

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Recado aos Confrades

Queridos confrades,

Pois é, estamos chegando ao 12º encontro da REINAÇÕES, e aquela que surgiu como tentativa de forjar um espaço maior para o debate sobre a literatura feita para crianças e para adolescentes aproxima-se de seu aniversário de um ano. Momento de brindar um ano pleno de realizações.

E o brinde será dia 24 de abril, durante atividade da Semana do Livro, promovida pela Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), na LETRAS & CIA, que tem sediado e acolhido nossos debates.

O 12º Encontro, coordenado pelo escritor Cláudio Levitan, debaterá o clássico de Carlo Collodi, PINÓQUIO.

Outra notícia bacana, pra comemorar nosso 1 ano, é que a REINAÇÕES já faz parte do site DOBRAS DA LEITURA, administrado pelo PETER O’SAGAE, um apaixonado pela literatura infanto-juvenil. Acesse o portal e confira: http://www.dobrasdaleitura.com/

Anime-se e exponha suas idéias, suas impressões, suas avaliações sobre algum dos livros debatidos na REINAÇÕES.

Dia 24, você que já passou alguma vez pela REINAÇÕES, apareça, faça-se presente em nosso aniversário. Afinal, cada um dos encontros construiu esse ano de atividades.

Caio Riter

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Entrevista concedida a Sergio Napp, por Tabajara Ruas e Nei Duclós

Entrevista concedida a Sergio Napp, por Tabajara Ruas e Nei Duclós, autores de Diogo & Diana (Volume 1) – Meu vizinho tem um rotteweiler (e jura que ele é manso), livro debatido no 11º Encontro da REINAÇÕES.

TABAJARA: OI, Napp, em primeiro lugar, desculpe a demora. Devo deixar bem claro que é uma grande alegria saber que caras como tu e o Levitan, poetas, escritores e músicos de fina sensibilidade, curtiram nosso texto infanto-juvenil. Acompanho a carreira de vocês desde meus tempos de estudante, desde que era um simples voluntário da arte de escrever (ainda sou) e o tempo só confirma minha admiração. Dito isso, que é a mais pura verdade, vou responder:

NAPP: O que te levou a enfrentar a literatura para jovens? (falta de textos no mercado para esta faixa, falta de bons textos, mais um desafio, etc.)

TABAJARA: Mais um desafio. Já escrevi romances policiais, góticos, históricos e de costumes. Escrevi seis romances, vem aí o sétimo, estes anos: "O detetive sentimental". Mas um texto infanto-juvenil era sim, na época (dois anos atrás) um desafio. A possibilidade de escrever uma história mais livre, mais despojada, com menos significados e mais ação.

NEI: Criei inúmeras histórias quando meus filhos eram pequenos e acabei escrevendo, antes da experiência de Diogo e Diana, dois pequenos livros, ambos para o público infantil. Um é “Rosinha Guarda-Chuva”, em prosa, e o segundo “Viagem ao outro sol”, em poesia. Fui criado, como todo mundo, pelo Monteiro Lobato. Encarar o projeto Diogo e Diana foi o resultado natural dessa vivência. Tabajara Ruas, ao me convidar para desenvolver o projeto, me deu a oportunidade de mergulhar numa saga que poderia somar essas leituras e histórias e abrir novas janelas da criação literária. Um escritor, se está na roda, está sempre pronto. E foi assim que nos metemos nessa encrenca, a melhor que poderia acontecer.

NAPP - como é trabalhar em dupla? Como se dá isto na prática? Quem trazia as idéias, quem elaborava o texto? Havia reuniões? O texto era escrito em conjunto, quero dizer, vocês se reuniam e escreviam ou cada um era responsável por uma parte do texto?

TABAJARA: Trabalhar em dupla é muito bom, se encontramos o parceiro certo. Tenho essa experiência de escrever roteiros para cinema, em geral em parceria.As idéias e os textos de Diogo e Diana foram naturalmente criados e escritos por nós dois. Se um escritor já é capaz de inventar sozinho um monte de bobagens, imagina dois. Fazíamos reuniões, sim, dividíamos as tarefas, trocávamos os textos, trocávamos opiniões a respeito dos textos. Nei e eu somos companheiros de infância em Uruguaiana e escrever esse livro foi só retomar antigas conversas na beira do rio Uruguai.

NEI: Tudo ao mesmo tempo. Há reuniões (estamos nos segundo livro), onde combinamos o argumento (a história em linhas gerais, de cada parte) e dividimos o trabalho,. Escrevemos intercalando os capítulos. No primeiro livro, o início foi do Taba e eu continuei, ele retomou e assim até o final. Neste segundo, eu dei a partida, mas sempre combinando antes. As idéias surgem naturalmente nas nossas reuniões. Temos uma sintonia antiga e estamos acostumados a conversar e criar situações, trabalhar personagens etc. Fazemos isso espontaneamente. Quando tem livros pela frente, fica ainda melhor.

NAPP: Por que uma trilogia?

TABAJARA: Não sei bem porque, mas é legal o compromisso. Talvez seja por isso, pelo compromisso. Saber que vamos ter que espichar a história, desenvolver mais os personagens, extender o desafio até um limite bem mais longe do que uma histórica com começo, meio e fim.

NEI: O Taba veio com o projeto de uma trilogia e eu achei o máximo. É comum tanto na literatura quanto no cinema. Uma trilogia serve para viajar profundamente na história, desenvolvê-la ao máximo, conviver com as criaturas por um tempo maior. É também um resgate dos velhos seriados: sempre tem algo pela frente, uma nova situação, novos perigos. O suspense serve para manter a atenção dos leitores. Tem funcionado. É costume perguntar quando sairá os outros livros.

NAPP: Alguma influência dos best-sellers atuais (Potter, Nárnia, etc.)? Não quanto à história e seu desenvolvimento, mas em relação à extensão e a trilogia.

TABAJARA: Tudo influencia a gente, Napp. Uma folha caindo, leve e silenciosa, despercebida por todos, está lá, num cantinho do livro. Mas a vontade de escrever uma trilogia vem desde a leitura de O Tempo e o Vento, acho eu...

NEI: O Harry Potter convenceu os editores que os adolescentes e as crianças não querem livrecos com meia dúzia de caracteres. Gostam de livrões, que param em pé. Isso já existia na nossa infância. Li todo o Monteiro Lobato infantil naquela famosa edição de capa dura, com livros grossos. Não sei quem inventou essa bobagem que precisa facilitar as coisas para quem tem pouca idade. Os livros clássicos de aventuras são senhores livros. Harry Potter bebeu nessa evidência. Nós nos dispusemos a escrever livros que gratifiquem os leitores, que fossem generosos na complexidade da trama e da natureza e comportamento dos personagens. Mas não existe nenhuma influência de Potter ou qualquer outra saga. Diogo e Diana é invenção brasileira, é coisa nossa.

NAPP: Tenho para mim que os textos atuais são pouco fantasiosos e voltados para o umbigo do autor/personagens (Ana ama Pedro que ama Raquel, mas Raquel é gorda e desengonçada, mas há a formatura e o casal se encontra e Pedro considera que Raquel não é tão gorda e desengonçada, e por aí vamos): vocês sentiram ou pesquisaram o que havia no mercado para optar por uma história real e, ao mesmo tempo, extremamente fantasiosa (fantasia aqui como um predicado).

TABAJARA: Sentimos mais do que pesquisamos. Aliás, não pesquisamos nada. A intuição é nossa pesquisa.

NEI: Não fazemos pesquisa de mercado. Somos escritores, e isso tem a ver um pouco com atenção extrema ao que se passa ao nosso redor e com mediunidade. Estamos impregnados de convivência com a meninada. Nos trabalhos jornalísticos mais recentes, convivi muito com as novas gerações. Nas ruas, nos ônibus, na mídia, por toda parte, a presença da gurizada é impositiva, não há como escapar. Então esse é o insumo que alimenta Diogo e Diana. Não tem perigo de errar. E a solução é clássica: o real é a base da fantasia; no real, há muito do sobrenatural. Duendes, fadas, bruxas, superpoderes nasceram naturalmente no mundo dos vivos, fazem parte da realidade. Tudo é linguagem, tudo é invenção. Acho que o real é o imaginado. Uma leitora aqui de Florianópolis, adulta, perguntou se os personagens existem. Claro que sim, respondi, são inventados.

NAPP: Diogo e Diana aparentam ser dois jovens normais, aos olhos de quem os cerca, mas detém poderes que os tornam diferentes; não há no texto o clássico triângulo amoroso juvenil (já referido acima) e esta não é a preocupação primordial da história: vocês pensaram-na desta forma para evitar o clichê ou não houve a preocupação que eu levanto?

TABAJARA: Há e não há triângulo. Ás vezes é um quadrado. A história ou as histórias de amor da nossa história foi sendo bolada sem muita preocupação de saber quem fica com quem, ainda não sabemos, pode haver muitas surpresas no caminho e juramos por Santa Catarina que haverá. Adolescentes com poderes misteriosos é um clichê muito antigo, o Harry Potter deu um baita impulso no gênero, sem dúvida, mas a vontade de escrever algo assim é bem antiga, anterior ao pequeno mago inglês, que eu acho genial embora só tenha lido o primeiro livro. (Mas vi todos os filmes.).

NEI: Diogo sofre de amor diante de Diana, a bela. Esta faz ciúme usando o Jacaré. Suellen está de olho no Espertinho. Acho que sobra triângulo amoroso. Mas não é a preocupação primordial da história. O tema é a luta contra o Mal, o Mal que ninguém vê, que parece normal e que só nossos heróis conseguem vislumbrar e isso os enche de horror.

Novidade à vista!

Amigos leitores, amantes da Literatura Infantil e Juvenil, caros confrades, tem livro novo pintando no cenário gaúcho. Soube recentemente que Christian David, confrade-fundador da Confraria Reinações, estará lançando em breve seu segundo título. Chama-se Mão Dupla e chega às mãos dos leitores sob a chancela da Artes e Ofícios, editora aqui do Sul que está investindo no gênero com a qualidade que o público merece.

Estejamos atentos e de braços abertos para apoiar ao Christian que teve seu primeiro título financiado pelo Fumproarte, da SMC de Porto Alegre. O Fumproarte tem criado possibilidades infindas ao financiar projetos na área cultural e alavancar algumas carreiras de artistas que nem sempre são acolhidos pelas editoras.

Parabéns ao Fumproarte por dar seu crédito ao Christian. Parabéns à Artes e Ofícios, por avalizar um novo escritor de LIJ!´

Todo novo escritor será sempre muito bem-vindo!

Hermes Bernardi Jr.
Coordenador AEILIJ-RS e escritor de LIJ

Em Tempo!

Por um lapso quase imperdoável esquecemos de dar o crédito da confecção do TOP do blog da nossa Confraria, o TOP é esse desenho bacana que fica lá em cima. Pois é obra do Confrade-fundador Hermes Bernardi Jr. que é escritor, editor, contador de histórias e coordenador regional da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil. Valeu Hermes! Tornaste o nosso espaço único e destacado. Fica aqui o nosso agradecimento, tardio mas intenso.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Notícias da Confraria

O 11º Encontro da REINAÇÕES discutiu o texto DIOGO & DIANA (vOL.1) de Tabajara Ruas e Nei Duclós, que narra as aventuras de um casal de adolescentes (os referidos no título) numa descoberta que envolve medos, enfrentamentos sobrenaturais e também aqueles tão peculiares no adolescer. Entre eles, as angústias do amor. Debate bacana, coordenado pelo escritor Sergio Napp, que apresentou uma entrevista feita com os autores sobre o processo de produção a quatro mãos. Entrevista que, se possível, em breve estará por aqui.
E a REINAÇÕES segue acontecendo.
Além de matéria veiculada na Revista CATAVENTUS nº 1 - Ano I , de Montenegro, editada pelo quixotesco Oscar Bessi e por Cristiane Taim, ambos participantes do Grupo de Rua Cataventus, nossa confraria também recebeu destaque na Zero Hora do dia 03 de abril, na seção Roteiro - Segundo Caderno.

Caio Riter

segunda-feira, 24 de março de 2008

Convite

Notícias

O Confrade Caio Riter nos passa as seguintes informações:

1. Em virtude de vários confrades estarem envolvidos com outros afazeres, vamos ADIAR nosso encontro para o dia 03/04/2008. Mesma bat-hora, mesmo bat-local. Livro: DIOGO E DIANA, VOL.1, de TABAJARA RUAS E NEI DUCLÓS, coordenação de Sergio Napp.

2. A mesa-redonda sobre LITERATURA INFANTO-JUVENIL, com alguns escritores da REINAÇÕES, será dia 29/03, sábado, 14h30min, na PALAVRARIA, rua Vasco da Gama, 165, dentro das atividades do FESTIPOA. Após, mesa com Assis Brasil, Charles Kiefer, Moacyr Scliar. Boa tarde pra pensar literatura. Nos encontramos lá!!

3. O encontro oficial de abril segue sendo dia 24/04, com debate sobre PINÓQUIO, coordenado por Claudio Levitan. Nosso encontro está no calendário das atividades da Semana do Livro da CRL.

4. No dia 20/03, participei do programa FALANDO ABERTAMENTE, na TVCOM, por motivo do FESTIPOA, mas divulguei nossa REINAÇÕES.

5. Agora, a partir de abril, teremos um link pra REINAÇÕES no site DOBRAS DA LEITURA, referência na internet sobre literatura infanto-juvenil.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Confraria no Terra

Nossa Confraria foi destacada na coluna de Roberto de Souza Causo sobre FC e Fantasia no site do terramagazine. Abaixo segue o link com a notícia.

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2663562-EI6622,00.html

OS DEZ DA REINAÇÕES

OS DEZ DA REINAÇÕES

Listas são sempre subjetivas. Estas não querem ser totalizantes, mas apenas apresentar dez textos nacionais e dez textos estrangeiros, escritos para crianças e/ou adolescentes, considerados pelos confrades da REINAÇÕES como livros que merecem ser lidos, quer pela temática que abordam, quer pela arquitetura estética.
Tal pesquisa foi realizada durante os meses de novembro/2007 a fevereiro/2008, entre os participantes das reuniões da confraria que votaram livremente nos textos, sem qualquer indicação prévia. A apuração foi realizada por Christian David e Carla Laidens. Participam da REINAÇÕES escritores, professores, publicitários, estudantes e leitores em geral. Os encontros ocorrem mensalmente na LETRAS & CIA, em Porto Alegre-RS.

NACIONAIS

1. Corda Bamba – Lygia Bojunga
2. A bolsa amarela – Lygia Bojunga
3. Reinações de Narizinho – Monteiro Lobato
4. Ou isto ou aquilo – Cecília Meireles
5. Pé de Pilão – Mário Quintana
6. Poemas para brincar – José Paulo Paes
7. Uma idéia toda azul – Marina Colasanti
8. O menino maluquinho – Ziraldo
9. Bisa Bia Bisa Bel – Ana Maria Machado
10. Quase verdade – Clarice Lispector

ESTRANGEIROS

1. Alice no país das maravilhas – Lewis Carrol
2. Peter Pan – James Barrie
3. O mágico de Oz – Frank Baum
4. Pinóquio – Carlo Collodi
5. O teatro de sombras da Ofélia – Michael Ende Frederick
6. Harry Potter e a câmara secreta – J. K. Rowling
7. O pequeno príncipe – Antoine de Saint Exupéry
8. 20.000 léguas submarinas – Júlio Verne
9. A ilha do tesouro – R.L.Stevenson
10. O senhor dos anéis - Tolkien

terça-feira, 4 de março de 2008

Literatura Infantil e Juvenil em Discussão

Os encontros da REINAÇÕES: Confraria da Leitura tem se caracterizado pela troca de idéias sobre a literatura feita especialmente para crianças e adolescentes. E isso se faz cada vez mais necessário, ao se pensar que, geralmente, é através deste universo de textos (que não deixa nada a dever a tal nominada literatura adulta, que, aliás, não recebe nenhum rótulo ou adjunto adnominal, além do ser boa ou ruim) que a grande maioria das pessoas se torna leitor. Assim, creio, está mais do que na hora de passarmos a ver a literatura infantil ou juvenil como Literatura, assim mesmo, com L maiúsculo, como resultado estético-artístico que, além de levar ao deleite, à reflexão e à transformação, também tem papel fundamental e fundante na formação dos leitores atuais e futuros. Assim, a oportunidade de, no FESTIPOA, destacarmos a literatura feita para crianças e adolescentes é extremamente relevante. Pensar os processos de invenção, os caminhos da narrativa e da poesia infanto-juvenis feitas no RS, assim como a questão estético-artística estarão presentes na mesa que coordenarei do dia 29/03: *A literatura infanto-juvenil no RS: caminhos e problematizações.

Caio Riter

*Dia 29/03, 1430hs — LIVRARIA PALAVRARIA: LITERATURA INFANTO-JUVENIL GAÚCHA: Caminhos e Problematização. Coordenação: Caio Riter.

Temas:
A poesia para crianças e adolescentes: Sergio Napp
A narrativa infanto-juvenil gaúcha: Claudio Levitan e Luís Dill
A experiência da criação: Hermes Bernardi e Christian David
Literatura infanto-juvenil e arte literária: Marô Barbieri

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

E-mail da Marina Colassanti sobre encontro da Ana Z.

Caros amigos,

Alegra-me saber de minha Ana passeando na Confraria. É gente finissima, essa menina que conheci à beira de um poço e deixei à porta de casa (já não precisava mais de mim). Vocês têm razão sobre o nome, era essa minha intenção, e eu queria um nome bem curto, que sendo completo mantivesse incompletude, mistério (a sobrenome só na inicial, sem se mostrar todo, assim como sua biografia). E eu queria mesmo fazê-la viajar, queria um romance on the road, levá-la para a África ( de onde vim), para um estúdio de cinema (onde estive), visitar o imaginário e a falsa realidade da memória. Espero tenha sido bom o encontro.
Um grande abraço.

Marina

Fotos 10º Encontro da Confraria (O Mágico de OZ)




sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Mágico de Oz, prefácio de Frank Baum
























O folclore, as lendas, os mitos e os contos de fadas

acompanham a infância através dos tempos, pois toda a
criança saudável adora histórias fantásticas e
manifestamente irreais. As fadas aladas de Grimm e
Andersen trouxeram mais felicidade aos corações
infantis que qualquer outra criação humana
Entretanto, os antigos contos de fadas podem ser
considerados hoje como "históricos" na biblioteca das
crianças, pois chegou a época de uma nova série de
"contos maravilhosos" em que gênios, anões e fadas
estereotipados são eliminados, junto com as aventuras
de gelar o sangue criadas por seus autores para
sublinhar uma moral terrível para cada conto. A
educação moderna inclui a moralidade, portanto, a
criança busca somente o divertimento em seus contos
fantásticos e dispensa todos os incidentes
desagradáveis.
Mantendo este pensamento em mente, a história do
"maravilhoso Mágico de Oz" foi escrita unicamente para
agraar as crianças de hoje. Pretende ser um conto de
fadas modernizado, em que o encanto e a alegria são
mantidos, enquanto os sofrimentos e pesadelos são
deixados de fora.

L.Frank Baum
Chicago, Abril de 1900

Acesso ao original























Leia e faça o download do livro original,
publicado em 1900 e ilustrado por
W. W. Denslow em

http://
lcweb2.loc.gov/cgi-bin/ampage?collId=rbc3&fileName=rbc0001_2006gen32405page.db