terça-feira, 19 de maio de 2009

Caio à bolonhesa

O livro do nosso confrade Caio Riter, Meu pai não mora mais aqui (Biruta/2008) , após ser selecionado pelo PNBE, recebeu o selo Altamente Recomendável da FNLIJ e participou do Catálogo de Bolonha/2009, que divulga livros brasileiros na famosa e tradicional feira italiana.

O Caio é fogo.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Um Confrade no Catálogo de Bolonha


O mais recente livro do confrade Christian David, Mão Dupla, (Artes e Ofícios) foi selecionado pela FNLIJ — Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil — para integrar o catálogo produzido anualmente para a Feira de Bolonha 2009 — Bologna Children´s Book Fair 2009. Parabéns, Christian, tomara que ele siga traçando trajetória de sucesso junto à crítica e aos corações dos teus leitores.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Leitura nas ruas:mais que um trocado

Caros confrades,
abaixo, texto que imagino que vá interessar muitíssimo à Confraria (se é que já não sabem dessa "pesquisa").
Para quem não circula no trânsito da capital paulista, faz-se necessário explicar um detalhe: "a mercadoria pendurada no retrovisor". Os vendedores de sinaleira lá têm os produtos que estão vendendo acondicionados em umas "tripas" plásticas. Eles acomodam uma em cada retrovisor do lado do motorista, bem rápido, e depois refazem o mesmo itinerário - ou recolhendo o dinheiro de quem comprou ou recolhendo a mercadoria naquela tripa plástica. É jogo rápido, enquanto a sinaleira (o farol) está acesa (bem mais tempo que as nossas de POA) - é como largar um xale no encosto de uma cadeira.

Abraço a todos,
Beatriz




Vale mais que um trocado
Ambulantes, pedintes e moradores de rua não esperam só por dinheiro dos motoristas parados no sinal vermelho. Sem pagar pra ver, eu vi
Rodrigo Ratier (rodrigo.ratier@abril.com.br)



"Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?" Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão. A ideia surgiu de uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA: em vez de dinheiro, eu ofereceria um livro a quem me abordasse - e conferiria as reações.

Para começar, acomodei 45 obras variadas - do clássico Auto da Barca do Inferno, escrito por Gil Vicente, ao infantil divertidíssimo Divina Albertina, da contemporânea Christine Davenier - em uma caixa de papelão no banco do carona de meu Palio preto. Tudo pronto, hora de rodar. Em 13 oferecimentos, nenhuma recusa. E houve gente que pediu mais.


Nas ruas, tem de tudo. Diferentemente do que se pode pensar, a maioria dessas pessoas tem, sim, alguma formação escolar. Uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, realizada só com moradores de rua e divulgada em 2008, revelou que apenas 15% nunca estudaram. Como 74% afirmam ter sido alfabetizados, não é exagero dizer que as vias públicas são um terreno fértil para a leitura. Notei até certa familiaridade com o tema. No primeiro dia, num cruzamento do Itaim, um bairro nobre, encontrei Vitor*, 20 anos, vendedor de balas. Assim que comecei a falar, ele projetou a cabeça para dentro do veículo e examinou o acervo:

- Tem aí algum do Sidney Sheldon? Era o que eu mais curtia quando estava na cadeia. Foi lá que aprendi a ler.

Na ausência do célebre novelista americano, o critério de seleção se tornou mais simples. Vitor pegou o exemplar mais grosso da caixa e aproveitou para escolher outro - "Esse do castelo, que deve ser de mistério" - para presentear a mulher que o esperava na calçada.

Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por jovens, como Micaela*, 15 anos. Ela é parte do contingente de 2 mil ambulantes que batem ponto nos semáforos da cidade, de acordo com números da prefeitura de São Paulo. Num domingo, enfrentava com paçocas a 1 real uma concorrência que apinhava todos os cruzamentos da avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela respondeu:

- Hum, depende do livro. Tem algum de literatura?, provocou, antes de se decidir por Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

As crianças faziam festa (um dado vergonhoso: segundo a Prefeitura, ainda existem 1,8 mil delas nas ruas de São Paulo). Por estarem sempre acompanhadas, minha coleção diminuía a cada um desses encontros do acaso. Érico*, 9 anos, chegou com ar desconfiado pelo lado do passageiro:

- Sabe ler?, perguntei.

- Não..., disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que poderia ganhar, reformulou a resposta:

- Sim. Sei, sim.

- Em que ano você está?

- Na 4ª B. Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos?, indagou, apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.

Mas o problema, como canta Paulinho da Viola, é que o sinal ia abrir. O motorista do carro da frente, indiferente à corrida desenfreada do trio, arrancou pela avenida Brasil, levando embora a mercadoria pendurada no retrovisor.

Se no momento das entregas que eu realizava se misturavam humor, drama, aventura e certo suspense, observar a reação das pessoas depois de presenteadas era como reler um livro que fica mais saboroso a cada leitura. Esquina após esquina, o enredo se repetia: enquanto eu esperava o sinal abrir, adultos e crianças, sentados no meio-fio, folheavam páginas. Pareciam se esquecer dos produtos, dos malabares, do dinheiro...

- Ganhar um livro é sempre bem-vindo. A literatura é maravilhosa, explicou, com sensibilidade, um vendedor de raquetes que dão choques em insetos.

Quase chegando ao fim da jornada literária, conheci Maria*. Carregava a pequena Vitória*, 1 ano recém-completado, e cobiçava alguns trocados num canteiro da Zona Norte da cidade. Ganhou um livro infantil e agradeceu. Avancei dois quarteirões e fiz o retorno. Então, a vi novamente. Ela lia para a menininha no colo. Espremi os olhos para tentar ver seu semblante pelo retrovisor. Acho que sorria.

* os nomes foram trocados para preservar os personagens.

Fonte: http://revistaescola.abril.uol.com.br/gestao-escolar/diretor/vale-mais-trocado-432764.shtml

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Reinações na crônica de Diana Corso

Uma cidade de leitores

Porto Alegre, 12 de fevereiro, entardecer, sensação térmica 40 graus. Fui ao encontro achando que seria a única maluca interessada em debater “História sem Fim” numa livraria do Bom Fim (Letras & Cia). Não era o caso. O bando de doidos que se encontrou naquele dia chama-se Confraria Reinações e completaram dois anos disso: reunir-se mensalmente na livraria para trocar idéias sobre literatura infanto-juvenil. A cada encontro decide-se qual será o próximo livro a ser compartilhado. Lemos clássicos ou qualquer outro que se mostrar marcante para esse público. Entre os presentes há escritores, professores, editores, artistas, alguns têm seus livros publicados, mas todos estão lá na condição de leitores. A discussão pode atingir todos os níveis, há liberdade para dizer: “gostei”, ou “detestei”, “me irritou e parei de ler”, “ pulei partes chatas”, e assim por diante. É isso que faz o encanto dessa reunião, a leveza que permitiu que se continuasse trabalhando até no nosso fevereiro.
Porto Alegre, 23 de abril, Dia Internacional do Livro, outro bando se reúne para atravessar a noite lendo o mesmo calhamaço – no caso “Cem anos de Solidão” – as vozes se alternam, alguns passam, outros ficam até o fim da noite e da obra.
Porto Alegre, primavera de todos os anos, há mais de meio século. Nossa Feira do Livro transforma-se no lugar onde nos encontramos, nos divertimos, discutimos assuntos aleatórios, borboleteamos. Somos uma cidade de leitores. Não sei dizer números, comparar com outras capitais do país e do mundo, é só uma boa impressão.
Somos também uma cidade de autores, mas creio que a condição de leitores é decisiva. A experiência da Reinações, na qual adultos leem livros de criança, especialistas dão-se ao luxo de opinar como amadores, autores posicionam-se como meros leitores, é exemplar disso. A cultura adquirida por cada um de nós consiste na transmissão do acervo de narrativas, sons e imagens da humanidade, que, já disse o psicanalista inglês Winnicott: todos podemos usar se tivermos algum lugar onde colocar o que encontremos. Somos como uma obra aberta, na qual vão se acumulando elementos provenientes do acervo da humanidade. Ser leitores é mostrar que se tem lugar para colocar o que se absorve, para processar a experiência cultural, e isso faz de cada leitor um autor de sua própria história. Nossa cidade cria espaços para que cada vida seja uma leitura dr amática dos tantos textos a que tivemos acesso, com os quais vamos proseando pelo tempo que nos toca.
Diana Corso — Zero Hora, 29 de abril de 2009

Nosso Sarau

O 1º Sarau da Reinações, ocorrido no dia 25/04, foi um sucesso. Momento bacana em que escritores e leitores puderam ler fragmentos de textos e poemas feitos para crianças e adolescentes. Foram ao todo 34 participantes. Abaixo, o depoimento da escritora Valesca de Assis, que levou seu neto Antônio para curtir o momento litero-musical.

Caio, querido amigo,
foi um belo Sarau. Nos divertimos como crianças. Parabéns,
valeu uma vida ter aquelas crianças, grandes e pequenas, lendo histórias e poemas,
beijos a ti e aos teus.,
Valesca