O Palavra de Confrade é com Jacira Fagundes. Escritora de livros para crianças e para adultos, Jacira tem sido uma participante bastante efetiva da Reinações, participando dos debates ou coordenando discussões, como a sobre Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles. Entre as obras de Jacira, destaca-se O menino do livro. Abaixo, algumas reflexões de Jacira sobre a escrita e a leitura
1.Para você, em que aspectos a literatura feita pra crianças e adolescentes reina?
Reina no aspecto lúdico, nas inúmeras e diferentes possibilidades de brincadeiras e de fantasia. Reina no poder do imaginário, do faz-de-conta, daquilo que, não sendo a verdade, poderia vir a ser. E reina no aspecto formativo, na direção do ler e pensar, dialogando com o ser criança e o ser adolescente num processo contínuo de viver e reinventar o mundo.
2.Qual o encontro da Reinações que mais marcou sua história de leitor? Por quê?
O encontro realizado na última Feira do Livro de Porto Alegre em que se debateu o livro de Astrid Lindgren, Pippi Meialonga. A personagem criada pela autora é de uma verdade e irrelevância que o leitor sente-se fascinado. O encantamento da história, a riqueza da personagem, o debate concorrido, platéia participante e o ambiente dos mais propícios para a magia das histórias concorreram para o sucesso do encontro.
3.Há diferença entre escrever para crianças e para adultos?
Um pouco, talvez. Considero este, um trânsito desafiador, porém de acesso tranquilo. O adulto é meu espelho com todas (ou muitas delas) contradições e questionamentos. Escrever para este adulto é um falar para dentro num olhar adquirido através do tempo, um olhar íntimo, conhecido. A criança é minha fantasia, a esperança que nunca acaba, a possibilidade nunca tardia. Assim, a consciência da realidade, o sonho e a magia se fundem numa mesma escrita para o pequeno leitor e para o leitor adulto. São os mesmos olhares. Diferentes, suponho, apenas a linguagem e a forma de tocar os sentidos de um e de outro. Uma alternância que me dá maior amplidão de mundo.
4.Como se dá o processo criativo para você em geral? Você se considera uma escritora inspirada ou uma escritora artesã?
Mais uma escritora artesã. Escrevo com disciplina, leio como hábito e também como exercício de escrita, coloco ideias no papel que vão se estruturando, tomando forma ao longo do processo. Então costuma acontecer do inconsciente se pronunciar, geralmente em períodos de repouso, me trazendo algo que chega com força e promete ficar uma cena, uma ideia, enfim, um direcionamento. Alicerçado o cenário, os personagens se configuram e a narrativa tem seu começo.
5.Deixe aqui uma dica de leitura para os confrades. Não se esqueça de fazer um comentariozinho sobre ela.
Indico para os confrades a leitura que me foi decisiva na opção de escrever para crianças. Transplante de menina, de Tatiana Belinky, é um livro que encanta porque cria, com humor e sensibilidade, o universo da infância e adolescência da autora. Não se trata de uma obra biográfica, é mais o resgate da memória de uma época. É um texto belíssimo, que faz do leitor um aliado nas vivências e aventuras da menina Tatiana. Um livro para grandes e pequenos.
6.Que Palavra de confrade você gostaria de conhecer?
Gostaria muito de conhecer a palavra da confrade Laura Castilhos.
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