terça-feira, 13 de março de 2012

Aldabra: ato de amor à criação literária


ALDABRA: A tartaruga que amava Shakespeare

por João Carlos Rodrigues

Os deuses do mar estiveram a preparar o ambiente. Movimentos singulares,
mergulhados em longos tempos, criaram espaços pelo planeta. Depois, muito
depois, uma civilização gerou o gênio em Shakespeare. E depois, o talento da escritora
italiana Silvana Gandolfi quis, por sua vez, homenageá-lo.
Aldabra, Itália e Inglaterra formam um triângulo de amorosidade,
na obra. Na ilha vulcânica do oceano Indico, Aldabra abriga uma tartaruga macho
que recita Shakespeare; Veneza abrigou uma inglesa - casada com italiano - e
que amava a produção literária do poeta conterrâneo.
A inglesa ficou viúva e com uma filha - a quem odiava - e uma
menina neta cúmplice de seu desconforto e de sua alma poética.
A inglesa viúva lutou por envelhecimento sem morte, a filha a
internou por insanidade, a neta fez o que pôde e o que não sabia para
protegê-la, nesse triângulo doméstico. Uma cumplicidade, um processo de passagem, uma maré alta, e transporte em navio levaram a amante de Shakespeare à Aldabra, na vida de
tartaruga e com outro sexo, num pleito à liberdade e num espetáculo de talento e de louvor à criação literária.

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