sexta-feira, 21 de outubro de 2011

sábado, 15 de outubro de 2011

Mergulho no Barril, por João Carlos Rodrigues

UM BARRIL DE RISADAS UM VALE DE LÁGRIMAS*, de Jules Feiffer

Um mundo mágico, percorrido em 30 anos, com coordenadas do sábio J. Imago Mago e com dicas da feiticeira Colombina Cristalina, na parte final. Três personagens perpassam a fabulação: a intuição do sábio Mago; as peraltices de Tom; e a luta de Roger pela construção de sua identidade.
Linhas paralelas se trançam entre as pontas do início e do fim da história: um reinado em cada extremidade. No início, o simplório rei Dedilzifidicer, com seu ‘cumequechama’ de 8 km, uma rainha engolida em trajes de banho por uma baleia e um príncipe sem juízo; no final, um rei durão, cuja rainha dá à luz uma princesa estonteantemente linda, que petrifica seus pretendentes. O príncipe protagoniza sua busca, embora não saiba qual é, para no final encontrar a bela princesa e receber dela o Beijo da Vida.

Recursos inusitados do autor vão sendo apresentados desde o começo do trabalho: em interlocução com o leitor - no capítulo 5 em especial - confessa perder o controle sobre o personagem Jack, que mudou de nome, saiu do livro e a ele voltou, além de entrar noutros livros
e deles sair, em razão de seu tédio. A intuição do bruxo traçou linha invisível para Roger, pois o sábio visualizou a gravidade do problema do menino que fazia todo mundo rir e que todo mundo o fazia rir. “Você só tem ossos engraçados. E um príncipe sem algum osso que não seja engraçado não está em condições de ser rei, de ser um pai ... um adulto, sequer. Você não está preparado, talvez nunca fique preparado para assumir os deveres, as obrigações e responsabilidades que o esperam mais adiante.” O sábio resolveu enviá-lo ‘numa busca’ que lhe oferecesse ‘Exxxperiêêêêêêência!’, e para tanto lhe deu um saco de Pó Mágico. Nessa busca, ele deveria passar por cenários errantes e provas cruéis
Assim, Roger sai para a sua busca e, para não provocar riso em quem está a 500 m, usa o pó mágico, que o transforma em margarida, vaca, cobra, cadeira, peixe, pássaro, ... e vai fazendo amigos, entre eles o caçador Tom, que entra e sai da história como quer. A amizade com Tom, todavia, chega ao fim e traz dificuldades. Aliás, muitas dificuldades: para sair da Floresta Para Sempre, Roger o faz de costas e alcança luz intensa, sobre rochedos infindos. Cai e fica preso na parede de um penhasco, quando aparece Lady Sarita, que perdeu seu colar, o qual fica preso em Roger. Pela primeira vez, a fim de devolver o colar, ele negocia e salva sua vida. Com ‘armadilhas
enfileiradas’, Roger pensa em si, negocia, toma decisão, pensa nos outros com força de vontade, passa fome, come pedra, passa vergonha, cria planos, luta durante 30 anos, ama Sarita e ‘sem prestar para nada, fica capaz de tudo’, diz a feiticeira.
O cenário, composto por Floresta Para Sempre, Divisa Perversa, Vale da Vingança, Mar de Gritos e Montanha de Más Intenções, põe Roger num palco giratório e, na figura de uma águia, sente-se disposto a salvar crianças, amigos, para enfim conquistar o Beijo da Vida da princesa Petúlia e o amor de Lady Sarita. Símbolos densos ( pó branco, pedra, carvalho, reinados/poder, colar ...) criam UM BARRIL DE RISADAS do príncipe e UM VALE DE LÁGRIMAS da princesa apaixonada agora por um imenso Gigante. A partir de suas jornadas e buscas, ambos se libertam das maldições: provocar riso e petrificar pessoas.
* texto de João Carlos Alves Rodrigues

54º Encontro da Reinações

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vencedores do 1º Concurso Literário ASSOMBROS JUVENIS

1º CONCURSO ASSOMBROS JUVENIS

Confraria REINAÇÕES e CRL: Câmara Rio-Grandense do Livro

Apoio: CORAG

TEXTOS VENCEDORES

Lenda urbana, de Aline Cristian Cruz Silva – Cachoeirinha-RS


O espelho, de Cíntia Perin Chesini – Porto Alegre-RS


Mesa para dois (Outra que não eu), de Cláudia de Andrade Aurélio Curcio – Sapucaia do Sul-RS


Vestígios do fantástico, de Cleo de Oliveira – Novo Hamburgo-RS


Os zumbis devoraram nossos pais, de Daniel Gruber – Novo Hamburgo-RS


A viagem, de Dirlene Maria Bueno Marimon – Porto Alegre-RS


O livro (macabro) dos desejos, de Gabriela Zang Braun – Nova Petrópolis-RS


Retrato de família, de Lúcio Flávio Pretto – Porto Alegre-RS


A casa da colina, de Rodrigo Barcellos – Porto Alegre-RS


O casebre, de Sara Maria Binatti dos Anjos – Porto Alegre-RS



O 1º Concurso Assombros Juvenis é uma iniciativa da REINAÇÕES: Confraria da Leitura de textos infanto-juvenis e da CRL: Câmara Rio-Grandese do Livro, com apoio da CORAG, que visa estimular a escrita de textos infanto-juvenis.


O júri foi composto por Dilan Camargo, escritor, Elaine Maritza da Silveira, editora, e Liza Caldeira, professora e contadora de histórias, sob a coordenação de Caio Riter, escritor.

Obs.: A listagem acima foi organizada em ordem alfabética pelo nome do autor.

domingo, 11 de setembro de 2011

Palavra de Confrade 17: Liza Caldeira




Liza Caldeira é professora de educação infantil, contadora de história, além de participar como palestrante em cursos e seminários de capacitação de professores para o trabalho com literatura.



1.Em que aspectos, na sua opinião, a literatura infanto-juvenil reina?
A literatura infanto-juvenil sempre traz o frescor, a ousadia, a insegurança, a paixão, a esperança, sentimentos tão próprios da juventude. Através dela, temos a oportunidade de nos reencontrarmos com uma parte de nós que aprendemos a domesticar com o passar do tempo. Ler textos infanto-juvenis é revigorar-se e mergulhar fundo dentro de nós mesmos, e é neste aspecto, no encontro com nosso espírito jovem, que reina, na minha opinião, esta categoria da literatura.


2. Dos 51 encontros que a Confraria Reinações promoveu, qual foi mais marcante para você? Por quê?

Foram tantos momentos maravilhosos que fica difícil escolher o melhor, no entanto, recentemente o encontro que mais me marcou foi sobre o livro Coração de Tinta, de Cornélia Funke. A história, além de ser muito interessante e bonita, revela o mundo do escritor e do leitor apaixonado e estes pontos foram muito explorados na nossa conversa neste encontro. Todos participaram muito da discussão, o que enriqueceu demais a nossa noite. E não posso deixar de destacar o primeiro encontro do qual participei durante a Feira do Livro de Porto Alegre em 2009, quando esteve presente o escritor Pedro Bandeira que aplaudiu e reverenciou a Confraria pela iniciativa. Naquele dia, quis fazer parte deste grupo e me sinto honrada em partilhar momentos incríveis com pessoas tão especiais.

3. Hoje percebe-se que a escola tem fundamental importância na formação do leitor, visto que os espaços de leitura e de contação de histórias na família são reduzidos. Na sua opinião, que tipo de livros deveriam ter espaço na escola, a fim de formar leitores qualificados?
Todo o tipo de livro, atuais e clássicos de todos os gêneros. As bibliotecas deveriam ser bem recheadas de literatura com muita qualidade em texto, imagem e material. Muitas escolas não possuem uma biblioteca, porém esta não pode ser a desculpa para não trabalhar com literatura, tudo pode começar com uma caixa ou prateleira dentro da sala de aula. No entanto, antes de chegar ao aluno e para que o material oferecido seja realmente de qualidade, haverá que ter um educador apaixonado pela leitura e bem informado. A formação do leitor crítico deve alcançar a equipe que vai trabalhar com os jovens, senão a biblioteca estará vazia, ainda que possua o melhor acervo. Dentro da escola é o educador que planta esta semente.



4. Como professora e contadora de histórias, você acredita que existe ainda certo preconceito em relação a alguns temas, quando se pensa a literatura que será oferecida para a criança na escola? Na sua opinião, é preciso preservar a infância de temas menos nobres? Por quê?
Vejo que não é exatamente um preconceito com relação aos temas, mas sim um despreparo, falta de conhecimento sobre literatura por parte das pessoas que selecionam o que vai ser oferecido aos alunos. A escola ainda pensa na literatura como algo que deve servir para ensinar certo conteúdo, ajudar na resolução de conflitos. Livros que abordam a morte e o medo são temidos na Educação Infantil, assim como os textos mais longos e a poesia. A maioria dos educadores, acreditam que a criança só gosta do que é bem simplificado e explicadinho. Ao contrário, a criança é inteligente e sensível, com uma capacidade de interpretação que vai muito além do olhar superficial do adulto. Selecionar certo tema para a sala de aula que seja encantador e produtivo ao mesmo tempo, vai depender da prática, do envolvimento que o grupo tem com a leitura. Neste ponto é que entra o conhecimento do adulto a respeito das técnicas para a contação de história e a capacidade de escolher bons textos.



5 . A confraria da Leitura chegou ao encontro 50. Foram 50 meses ininterruptos de discussão sobre LIJ. A que, na sua opinião, se deve o sucesso da Reinações?
O que me deixou muito a vontade nos encontros da confraria, desde o início, é a forma como todos os participantes são respeitados em seus pontos de vista e tem espaço para colocar as suas ideias. Todas as leituras feitas e as discussões, foram muito importantes, abrindo novos caminhos imaginários, críticos, para todos da confraria, mas sem dúvida é o clima descontraído e comprometido com a leitura de qualidade que fazem o seu sucesso.

6. Que dica de leitura você daria aos confrades da Reinações? Por quê?
Drácula, de Bram Stoker, já que estamos próximos da Feira do Livro de Porto Alegre, vale a pena entregar-se a este clássico do horror.
Medieval, envolvente, fantástico, estou lendo e amando A Guerra dos Tronos – As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin, para quem gosta de dragões, lobos, reis e rainhas.
E um infantil não poderia faltar. Recomendo um livro surpreendente e engraçado com ilustrações estranhas e belas: Os Lobos dentro das paredes, de Neil Gaiman e Dave McKean.

6 . Que palavra de Confrade você gostaria de conhecer mais?
Gostaria de saber um pouco mais o que pensa a confrade Rosinaura Barros.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

sexta-feira, 8 de julho de 2011

REINAÇÕES em novo endereço

A partir do nosso próximo encontro, o 51º, estaremos nos reunindo na LIVRARIA NOBEL, no shopping TOTAL. O fato se dá em virtude de que a LETRAS & CIA de Porto Alegre estará encerrando suas atividades no mês de julho.

Nossos encontros seguem ocorrendo nas terceiras terças de cada mês.2. O encontro 51 ocorrerá no novo endereço, com a discussão do livro A BOLSA AMARELA, de LYGIA BJOUNGA, com coordenação de RODRIGO BARCELOS

50 encontros da REINAÇÕES

Algumas curiosidades nestes 50 meses de REINAÇÕES que foram apresentadas no último encontro:
CONFRADE MAIS PRESENTE: CHRISTIAN DAVID (jamais faltou. 100% de presença nos 50 encontros)
CONFRADES QUE MAIS COORDENARAM ENCONTROS: CAIO RITER (6), HERMES BERNARDI JR, NÓIA KERN E RODRIGO BARCELOS (4) E JACIRA FAGUNDES (3).


ENCONTRO COM MAIOR PRESENÇA: 36º, COM 28 PARTICIPANTES. LIVRO: O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIOS

ENCONTRO COM MENOS PARTICIPANTES: 5º, com 07 PARTICIPANTES. LIVRO: ANA Z, AONDE VAI VOCÊ

sábado, 28 de maio de 2011

Regulamento CONCURSO ASSOMBRO JUVENIS

REGULAMENTO
1º CONCURSO LITERÁRIO DE CONTOS
ASSOMBROS JUVENIS
57ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE


1. A Câmara Rio-Grandense do Livro - CRL, a Reinações:Confraria da Leitura de textos de Literatura Infantojuvenil e a Companhia Rio-Riograndense de Artes Gráficas - Corag promovem o 1º Concurso Literário Assombros Juvenis, que visa despertar talentos literários, promover a Literatura Infantojuvenil e homenagear a literatura de terror destinada a adolescentes, que tanto apelo tem no coração dos novos leitores.

2. Estão habilitadas a participar do concurso pessoas residentes no Rio Grande do Sul, com idade acima de 18 anos.

Obs.: É vedada a participação de membros da Comissão que organiza o concurso, assim como de funcionários da CRL, bem como de seus familiares até segundo grau.

3. A participação no concurso, através do envio de textos, implica a concordância com todas as cláusulas deste regulamento.

4. Os textos deverão ser rigorosamente inéditos em veículos impressos.

5. A temática é o terror, sendo que o conto deve ter como público-alvo os adolescentes. Assim, o protagonista deverá ser um jovem ou uma jovem. Os seres do Além que fizerem parte dos contos podem ser seres do imaginário popular, retomados, ou seres criados pelo autor.

6. Cada participante poderá inscrever-se através da entrega de um texto do gênero conto, devendo este ter, no máximo, cinco páginas, digitadas em espaço 1,5, utilizando fonte Arial 12, em folha A4, com margens de 2 cm. Textos que não se encaixarem na temática ou no gênero deste concurso serão invalidados.

7. É obrigatório o uso de pseudônimo, que deverá ser composto de no mínimo dois nomes e colocado no alto da primeira página de cada texto.

8. Acompanhando os textos — a serem entregues impressos em papel A4 ou ofício, em três cópias, e em CD-R, em um envelope devidamente identificado com o pseudônimo — deverá constar, em um envelope menor, lacrado, identificado com o pseudônimo, uma folha com os seguintes dados:


a) Nome do concurso

b) Pseudônimo composto (mais de um nome)

c) Nome completo

d) Endereço completo

e) Telefones

f) E-mail

g) Data de nascimento


10. O prazo para as inscrições termina, impreterivelmente, em 31 de julho de 2011, até às 18h. Os envelopes com os textos concorrentes devem ser entregues na Câmara Rio-Grandense do Livro (Praça Osvaldo Cruz, 15 Conj. 1708 / 1709, CEP 90030-160, em Porto Alegre/RS) ou enviados pelo Correio, aos cuidados de Rafael Cardozo. Neste último caso, a data de inscrição será a da postagem, que, se for posterior a do prazo máximo para a inscrição, não será aceita.

11. O julgamento dos textos será realizado por uma comissão de três profissionais, de diferentes áreas da literatura, indicada pelos organizadores do concurso.

12. Os textos selecionados em número não superior a 10 serão publicados em antologia editada pelos organizadores, sem fins lucrativos, razão pela qual os organizadores exoneram-se do pagamento de direitos autorais ou de qualquer outra forma de remuneração aos autores, além da entrega gratuita de dez exemplares da antologia. A antologia terá lançamento e sessão de autógrafos na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre.

13. Da premiação:

13.1. Serão outorgados certificados a todos os selecionados, e estes terão seus textos publicados na antologia do 1º Concurso Literário Assombros Juvenis, não havendo qualquer ônus aos escritores selecionados.

15. Não poderá figurar no livro mais do que um texto de cada autor.

16. O resultado do concurso será divulgado no site da CRL (
www.camaradolivro.com.br) até o mês de outubro.

17. Não haverá, em nenhuma hipótese, devolução dos textos concorrentes.

18. As decisões da comissão julgadora são irrecorríveis.

19. Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos em conjunto pelo coordenador do concurso, jurados e representantes das entidades organizadoras.

20. Mais informações podem ser obtidas na CRL pelo fone (51) 3286.4517, com Rafael Cardozo, ou através do blog da REINAÇÕES (
www.confrariareinacoes.blogspot.com)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sugestões de sagas juvenis para quem curte Harry Potter

Ontem, no debate da Confraria sobre o livro Harry Potter e a Pedra Filosofal, citei alguns textos interessantes pra quem curte essas sagas juvenis como eu. Como alguns se interessaram em conhecer as obras segue a lista. Os dez primeiros são sagas, os últimos dois são livros sem continuações, mas que tem o mesmo clima.


1 - Artemis Fowl, de Eoin Colfer - mitologia irlandesa misturada com tecnologia, humor ácido e muita aventura. Artemis é um menino-gênio do crime.

2 - As Aventuras do Caça-feitiço, de Joseph Delaney - magia e terror medieval guiado por uma narrativa apaixonante.

3 - A Mediadora, de Meg Cabot - menina adolescente com poderes sobrenaturais e muita personalidade se metendo em confusões.

4 - Crônicas das Trevas Antigas, de Michelle Paver - magia tribal e as aventuras de um menino e seu lobo em uma Europa pré-histórica.

5 - Percy Jackson e os Olimpianos, de Rick Riordan - todos já conhecem o meio-sangue descendente dos deuses do Olimpo tentando salvar o mundo.

6 - Mundo de Tinta, de Cornélia Funke - aventura envolvendo livros e seres fantásticos em um belo texto.

7 - Túneis, de Gordon & Williams - fantasia urbana e subterrânea com um ritmo diferente e bem inglês.

8 - As Aventuras de Lewis Barnavelt, de John Bellaris - da década de 70, magia e amadurecimento passeiam por este texto.

9 - Erec Rex, de Kaza Kingsley - bem no climão de Harry Potter, leitura bem interessante.

10 - Os Mundos de Crestomancy, de Diana Wynne Jones - texto forte, com uma magia um pouco mais non-sense do que as versões atuais, provavelmente a série mais antiga destas todas.

11 - C.O.V.A., de Mark Walden - em uma escola para criminosos adolescentes cheios de habilidades coisas surpreendentes acontecem.

12 - JJ e a Música do Tempo, de Kate Thompson - bom texto, sem aquele ritmo alucinante da maioria das sagas juvenis, ganhador de vários prêmios, ambientado em uma Irlanda cheia de magia.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Palavra de Confrade 16: Maria Inês Borne

Maria Inês Borne é professora da rede estadual de ensino. A paixão pela leitura veio de ter nascido em uma casa cheia de animais e de muitos livros. Contos de fadas, histórias bíblicas e poemas, sempre aguçaram seu olhar de criança que vasculhava as estantes atrás do fascínio que as palavras lhe apresentavam. Hoje, Maria Inês busca demonstrar este amor para seus alunos e apresentar a cada um deles o mundo que é um livro.


Em que aspectos, na sua opinião, a LIJ reina?
A LIJ rein quando consegue estabelecer contato imediato com o imaginário infantil, quando se criam os laços que irão se transformar nas pontes entre a Literatura e o leitor.
Laços estabelecidos, pontes construídas. Agora é o momento de seguir lançando fios, tecendo tramas, traçando redes, firmando bases. Cada nova leitura leva a uma nova ação, estabelecendo o próximo passo da Rainha, que continua sua caminhada ininterrupta.


Dos 46 encontros que a Confraria Reinações- PoA promoveu, qual foi a mais marcante para você? Por quê?
Não poderia escolher um. Alguns foram marcantes porque me fizeram ler uma obra que há tempo vinha dizendo "quero ler este livro", como História sem fim e Pippi Meia Longa. Outros foram marcantes porque me levaram a reler obras que lera quando criança ou adolescente: As aventuras de Tom Sawer e Gato Malhado e Andorinha Sinhá.
Cada encontro é uma possibilidade de falar e de ouvir opiniões, aspectos marcantes no que li ou aqueles que nem tinha observado, ou então não tinha visto da mesma maneira que alguém viu, abrindo assim outros caminhos para relacionar a história com o que sou ou busco ser.


Você é professora dos anos iniciais. Como você percebe o uso da Literatura em sala de aula pela maioria dos professores? A escola está no caminho certo para a formação de leitores literários?
Nem toda escola nem todo professor usam a LIJ como deveriam. É por iso que temos jovens que deixam ou trocam a leitura por outra atividade que lhe traga mais impacto emocional ou pessoal.
Temos exceções. Há professores maravilhosos que tentam resgatar leitores, às vezes um trabalho difícil, mas no final recompensador.
Alguns professores dos anos iniciais levam os alunos a ver a leitura como ir à biblioteca ou a hora do conto. As duas atividades são importantes, mas para formar leitores literários não são suficientes. Outros professores trabalham com paradidáticos achando que estão trabalhando com LIJ, nem todos os profissionais demonstram conhecer a diferença. Às vezes, a Literatura fica mais fadada a ser "ficha de leitura" do que outra coisa. Já vi tudo isto é muito mais nas escolas em que trabalhei.
Graças a Deus, que é definido como verbo pela Bíblia, hoje vejo um caminho diferente. Meus alunos são incentivados a entrar em contato com gêneros e autores, a falar do que lhes agradou ou não. Desta forma começam a estabelecer suas preferências, seus gostos, ver que autores lhes agradam. Mas é preciso experimentar para dizer "não gosto".

Em seu convívio com os pequenos leitores, certamente você percebe o que os atrai mais em relação a temas e tipos de texto. Aponte algumas características da LIJ que mais atraem as crianças hoje.
O pequeno leitor gosta daquilo que o instiga. Gosta do que lhe é familiar, do que o incita a aventura, lhe dá medo, do que é fantástico. O pequeno leitor, como qualquer leitor, tem suas preferências pessoais. Aquele que passou pela experiência positiva de ler, estabelece suas preferências e vai dizer, de acordo com a sua maneira de se expressar, o porquê gostou ou não do que leu. Às vezes, junto com a expressão do rosto e a maneira como falam, um "é bom" ou "gostei" expressam mais que muitas palavras. Com o amadurecimento do leitor as palavras para explicar-se surgem e eles irão além do gostei, vão dizer o motivo pelo qual gostaram.
A LIJ precisa trilhar o seu caminho. Características virão junto com os autores e os gêneros literários. Literatura sempre tem espaço, sempre encontra o leitor.

Em seu dia a dia como professora, cite alguma experiência envolvendo leitura que, de alguma forma, a tenha surpreendido positivamente? Por quê?
Já tive várias experiências positivas. Todas surpreendentes.
Acredito que a mais marcante aconteceu logo que comecei a trabalhar na escola em que estou hoje. Em abril, elaborei um projeto sobre Monteiro Lobato. Uma aluna ficou encantada com "as histórias dos livros".
Ela conhecia "as histórias da televisão" e foi procurar os livros de Lobato na biblioteca. A professora-bibliotecária disse que "aqueles eram livros só para os professores". Ela voltou para a sala e nada me falou. Enquanto durou o projeto, ela terminava suas tarefas e pegava um dos volumes que estavam sobre a minha mesa e lia. Quando dei por encerrado o projeto e disse que entregaria os livros na biblioteca, ela me pediu que não o fizesse. Indaguei-lhe o motivo e ela me explicou tudo. Perguntei qual livro ela gostaria de ler primeiro e me respondeu sem pestanejar: "O Saci". No dia seguinte levei meu exemplar do livro e lhe entreguei para que lesse. No final da aula veio me entregar o livro e quando falei que ela poderia levá-lo para casa seu rosto iluminou-se. Ela leu toda a coleção infantil do Monteiro Lobato. Levava meus livros para casa como se fossem tesouros e os trocava assim que terminava de ler. Enquanto esteve na escola, emprestei-le muitos livros. Hoje, ela não mora mais em Charqueadas, mas creio que continua lendo.

O autor Orígenes Lessa disse certa vez que um bom livro para crianças é aquele que, quando lido por um adulto, o encanta também. Nesse sentido, quais seus critérios de seleção de livros a serem indicados a seus alunos? Passa primeiramente pelo seu próprio encantamento?
Leio sempre que posso. Tenho sempre mais de um livro junto do meu travesseiro. Como toda leitora tenho minhas preferências, meus temas, gêneros e autores prediletos. Os livros infantojuvenis são em maioria entre os que tenho. Nunca iria indicar um livro que não me agradasse, mas sou metódica quando vou selecionar as leituras para os meus alunos. Primeiro vejo a turma com que vou trabalhar, escolho um tema ou gênero. Depois faço uma seleção de títulos e autores. Busco estes livros e leio. Após esta leitura, separo dois ou três títulos para reler e então escolho o livro que vou adotar. Esta escolha nem sempre é a que mais me "encantou", é aquela que se adapta melhor a turma que tenho em vista. Só depois disso é que começo a organizar um esboço do que irei fazer.

Que dica de leitura você daria aos confrades da Reinações? Por quê?
Li a pouco, é a série Mundo de Tinta, da Cornélia Funke. A trilogia é incrível e vários outros adjetivos que nem me atreverei a continuar escrevendo-os. Ela escreve de uma maneira gostosa, o fantástico surge como um filete de água até tornar-se um rio caudaloso que nos leva a mergulhar.

Que palavra de Confade você gostaria de conhecer?
Gostaria de conhecer mais a palavra da confrade Liza Caldeira, pois como eu, ela também é professora. A diferença é que ela trabalha com os pequeninos que ainda não leem. Gostaria de saber um pouco mais da forma que ela usa para levar a Literatura até eles.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Christian David lança livro



CONFRADES NA FESTIPOALITERÁRIA

Pessoal,
na última quinta iniciou-se a 4ª FESTPOALITERÁRIA: Festa Literária de Porto Alegre, cujas atividades se estendem até 08/05
Alguns confrades estão presentes em alguns eventos. Agendem-se:

DIA 03/05

ÀS 18H30MIN - NA LETRAS E CIA - MESA: ADAPTAÇÕES DE OBRAS CLÁSSICAS E A FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES, com a presença de CAIO RITER

ÀS 21H - NA MATITA PERÊ BAR - MESA: CRÔNICA, OFICINAS DE CRÔNICA E SARAU SANTA SEDE, com a presença de SERGIO NAPP

DIA 04/05

19H - NA CCMQ - MESA - LITERATURA NAS HQS, com a presença de CLAUDIO LEVITAN

DIA 07/05

15H - NA BAMBOLETRAS - FESTINHA CIDADE POEMA, com a presença de MARÔ BARBIERI

terça-feira, 22 de março de 2011

Confrades,
na quarta-feira, Dia 30/03, às 19 horas, na Abajur Propaganda, Rua Sta. Terezinha, 59
bairro Bom Fim, estará ocorrendo mais um CONVERSAS LITERÁRIAS, em que Rodrigo Barcellos entrevista LAURA CASTILHOS.
Momento interessante pra troca literárias.
Agendem-se!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Scliar e os confrades II

O fato é um: a Literatura perde com a saída de cena de Moacyr Scliar, mas mais que a Literatura a vida perde um homem. Homem no sentido mais amplo que a noção de humanidade possa nos proporcionar.
Agora, ficam suas palavras, suas histórias. História que não optaram por um público específico. Escreveu para todos: crianças, adolescentes, adultos. Sabedor que aquele que conta histórias conta-as para o mundo, para todo mundo, e elas vão sempre encontrar lugar no coração de gente que ame as palavras. Como eu. Como talvez você que me lê.

Caio Riter, escritor


Como viver para sempre, Moacyr Scliar?
Justo agora, quando na Reinações escolhemos ler Como viver para sempre, tu te foste. Para onde? Talvez para uma maravilhosa biblioteca, repleta de arquivos akássicos contendo os tesouros da humanidade para te entreteres agora, na imortalidade de nossas lembranças e afetos.
PS: Eu, por aqui, estou (re)lendo os teus (nossos) Mistérios de Porto Alegre, que me deste nos idos de 1975.

Zilá Mesquita, escritora

terça-feira, 1 de março de 2011

Scliar e os confrades I

Apesar de ler muita literatura fantástica na minha adolescência lembro-me perfeitamente da fascinação com a qual li O centauro no jardim, de Moacyr Scliar. Com Scliar senti que o inusitado da vida poderia a qualquer momento dobrar a esquina e me atingir de cheio, me deixando enebriado pelo seu realismo tão fantástico e tão próximo.
Christian David, escritor


Em uma de suas últimas crônicas escrita para Zero Hora, Scliar fez um convite para que não perdêssemos a exposição sobre o bairro Bom Fim, que está no Museu da UFRGS. Pensando nele, eu fui até lá, no mesmo dia em que peguei, na Letras e Cia, os livros de março e abril da Confraria. Adorei a exposição, claro! Ele veio a falecer logo depois e pensei... que bom que ele curtiu a mostra, que bom que a mostra foi feita, enfim... Há bairros especiais, há escritores realmente imortais... e... ... que bom fazer tudo como se não existisse amanhã.... é bem óbvio e lugar comum, mas tão verdadeiro...
Valéria Hennigen, engenheira e administradora


Gostaria de estar escrevendo agora para o Moacyr Scliar, porque isso signifcaria que ele ainda não morreu. Porque o Scliar não podia morrer, tínhamos tanto que aprender com ele, tanto para lhe perguntar, tanto o que ouvir.
Ele clareava nossas idéias, generosamente, distribuia seu conhecimento. Suas falas eram certeiras, vagavam na universalidade das informações e caíam como luva nas nossas dúvidas, sem nunca nos deixar no etéreo mundo do invisível e do intangível.
Ele esclarecia e encantava, percorrendo com sua fala mansa bibliotecas e personagens. Talvez pela sua prática de médico, porque o Scliar, pasmem, não bastasse a sua escrita, tinha o dom da cura! quando falava de literatura, era o mesmo médico doce, daqueles raros espécimes dos grandes médicos, que sempre tem o placebo para a nossa dor e para a nossa curiosidade.
Eu queria estar escrevendo agora para ele, só pra dizer que estou sentindo muito a sua falta!

Cláudio Levitan, escritor

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Scliar para além das palavras...

Morreu Moacyr Scliar!
Ontem, uma das tantas vozes da literatura calou-se, todavia suas histórias seguirão ecoando no dentro de tantas crianças, e jovens, e adultos que aprenderam a viajar pela imaginação que a fantasia do imortal gaúcho ousava urdir.

A literatura infantojuvenil também tem motivo para tristeza, afinal Scliar — entre os escritores ditos consagrados, premiados, traduzidos, grandes — com certeza é o que mais dedicou seu tempo de escrita para os pequenos.

Morreu Scliar!

Seus personagens, no entanto, seguirão acalentando sonhos de tantos meninos e meninas por esse Brasil afora. Afinal, o homem humilde jamais sumiu nas teias do narrador. Tava lá, sempre ponte a estender-se a qualquer leitor que por ele cruzasse.

Morreu!

Morreu Moacyr Scliar. O eco de tantos livros porém seguirá agitando sentimentos. E fica para nós o riso moleque de menino ao abrir um livro cheio de tudo!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Evento sobre contação de histórias

SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA - BIBLIOTECA LUCÍLIA MINSSEN

Programação de Março :
EVENTO comemorativo ao Dia do Contador de histórias
Programa: OFICINA MASTER CLASS COM JOZÉ SABUGO (Portugal)
Dia: 17 de março das 9h30 às 17h30


Ministrante: Jozé Sabugo, artista, contador de historias e criador do projeto Hora do Conto: Animação do Livro e da Leitura que teve inicio em 1995, no Palácio Valenças (antiga Biblioteca M. de Sintra) e conta com apoio do Instituto Nacional do Livro, inseridas no programa Itinerâncias da Câmara Municipal de Sintra. Estudou no Teatro Berthold Brecht, Teatro do Oprimido com Augusto Boal, Rio de Janeiro. É também Fundador do Grupo Acusa Teatro da Casa das Cenas - Educação pela Arte . Encenou em 2006 ”A História do Grilo que queria ser Amarelo” e em 2007, produz e edita o livro com o mesmo nome. O livro encontra-se a venda na Biblioteca por R$ 15,00 e haverá sessão de autografos as 18h no hall da Biblioteca Lucilia Minssen.

Ementa: Esta oficina busca utilizar técnicas das artes cênicas e da contação de histórias, para possibilitar aos seus participantes que construam personagens , narradores e historias numa contação. São utilizados jogos teatrais, improvisação, e técnicas de desinibição para propiciar ao contador uma maior desenvoltura ao criar um personagem e/ ou narrador. Também serão desenvolvidas técnicas de apropriação de um conto para transformá-lo numa pequena história performática.

Haverá Certificado aos participantes da Oficina e do Encontro, totalizando 10h.
Local: Sala Lili Inventa o Mundo – 5ª andar da Casa de Cultura Mario Quintana.

Inscrições antecipadas até 04 de março R$ 50,00 após esta data R$ 60,00.
Reservas e inscrições na Biblioteca ou através de deposito bancário na conta da Associação Amigos da Biblioteca Lucilia Minssen : Banrisul – Agencia 0839 – conta nº 41.852295.0-0 , após o pagamento solicitamos que envie copia por e-mail ou fax.


ENCONTRO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS
19h- Performance com Paulo Bocca : Fogueira de historias
19h30 – Performance com a Trupe Quem Conta um Conto : Dom Quixote: O Cavaleiro das historias .
20h- Apresentação do Tratado Contemporâneo de Contadores de histórias e lançamento da Associação Riograndense de Contadores de histórias por Lívia Petry, Paulo Bocca, Marilia Diehl e Jozé Sabugo.
Entrada Franca.
Aos interessados em participar do Encontro solicitamos que nos informem sua presença para organização do evento atraves do fone: 32257089