segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Próximo debate: O ladrão de raios


O autor:

Rick Riordan nasceu em 1964, em San Antonio, Texas, Estados Unidos, onde mora com a mulher e dois filhos. Durante quinze anos ensinou inglês e história em escolas públicas e particulares de São Francisco. Além da série Percy Jackson e os Olimpianos, publicou a premiada série de mistério para adultos Tres Navarre.

A série Percy Jackson:

Percy Jackson e os Olimpianos é uma série de cinco livros juvenis de aventura de Rick Riordan, baseada na mitologia grega. O Protagonista é Percy Jackson, que descobre ser um semi-deus, filho de Poseidon, deus do mar.

O filme:


Em 2010, o primeiro livro da série O ladrão de raios foi adaptado para o cinema. Abaixo link para o trailler.

http://www.youtube.com/watch?v=xXWBNNPe4NI

Volumes da série:

The Lightning Thief (O Ladrão de Raios)
The Sea of Monsters (O Mar de Monstros)
The Titan's Curse (A Maldição do Titã)
The Battle of the Labyrinth (A batalha do labirinto)
The Last Olympian (O Último Olimpiano)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Um olhar sobre A grande questão

No 44º encontro da REINAÇÕES, que debateu a obra de Wolf Erlbruch, os confrades ficaram bem curiosos ao perceberem o tanto de anotações que o confrade João Carlos Rodrigues havia feito nas páginas do seu exemplar de A grande questão. Pois o João aceitou o convite para partilhar suas ideias conosco. Seguem abaixo.

A GRANDE QUESTÃO
Está no centro da temática um menino, que é orientado por 22 interlocutores sobre a razão de ele ter vindo ou estar na terra, no mundo. A temática é sobre a vida, sobre o existencial com um fio condutor centrado na dúvida. O tema mais objetivo são as relações afetivas, o amor que alavanca essas relações.
Nesse sentido, algumas manifestações são conclusivas; outras, exclamativas. Assim, falam:
1. conclusivamente: beijar as nuvens, o piloto; amar a vida, a morte; nos amamos, os pais; amar a si mesmo, a irmã; receber carinho, o coelho; te amo, a mãe.
2. ou, exclamativamente: mimar, a avó; cantar sua canção, o passarinho.


As demais falas abrem um leque de focos, de assuntos, de fazeres, de dúvidas: festejar seu aniversário, irmão; ronronar ou pelos ratos, o gato; comer bem, comilão; contar, três; obedecer, soldado; latir ou uivar, cachorro(acha); navegar, navegador; para estar, a pedra; ser paciente, jardineiro; confiar, cego; sem ideia, pato; ir à luta, lutador.
Então, os temas passam pela ideia de festa, descanso, alimento, conhecimento, arte (cantar sua canção), obediência, defesa, preocupação, viagem (pelo mar, ar), estar simplesmente, paciência, confiança, luta e sem consciência;
Os agentes são humanos (menino, irmão, irmã, pais, avó, comilão, soldado, navegador, aviador, jardineiro, cego, lutador); animais (gato, cachorro, pato, coelho, passarinho); mineral (pedra); morte. Falam os reinos animal e mineral. O reino vegetal não tem voz.
O autor conclui, dizendo ao menino: “Quando você crescer, vai encontrar outras repostas para a grande questão.” Segue, no projeto gráfico, uma folha pautada, em branco, com indicadores: Datas ............ Respostas
Trata-se de respostas à questão: Por que viemos ao mundo? segundo o tradutor. Sim, quando falam o gato, os pais, a mãe e o jardineiro: ideia de origem.
Contudo, creio que as demais questões indicam ‘para quê?’. Não buscam a ‘origem’, mas o ‘estar’, tanto que são introduzidas com a preposição ‘para’, quase todas.
Outras observações:
1. O menino deve aprender a contar até três. Por que três? O que representa o três?
2. Há duas pessoas ridicularizadas: o comilão, muito bem vestido, tem grande barriga, é muito gordo, usa gravata de tope, está feliz e aparece na página anterior ao três; e o soldado na página seguinte. Coincidência?
3. Só duas pessoas expressam alegria: a avó e o comilão.
4. Estar no ‘mundo’ é alusão do gato e do jardineiro.
5. Estar ‘na terra’ é alusão do irmão do menino. O cachorro também refere ‘estamos na terra’, no plural.
6. O cachorro sentado manifesta dúvida: ’eu acho’.
7. Os pais falam no plural e o cachorro também, mas o fiel escudeiro do homem traz o menino para a sua natureza: ‘Estamos aqui para latir, eu acho. E, às vezes, uivar para a Lua. ’
8. A história transita da concepção à morte emanante. Há vida? Então a morte está e com uma fala lapidar: “Você está aqui para amar a vida”.
9. As páginas do livro não são numeradas, pois a ordem da história não é linear. Ao iniciar a leitura, parece faltar algo, antes. O algo está depois.
10. O menino é o epicentro da GRANDE QUESTÃO: a avó quer mimá-lo; os pais, que o conceberam, falam lá na frente; a mãe mima a orelha dele, no colo; a irmã depõe; cinco velas estão no bolo e o irmão fala sobre o aniversário. Por tanto, uma família: avó, pais, dois irmãos e uma irmã.
11. Há os animais domésticos: o cachorro, o gato, o pato e o coelho. Todos simpáticos. Um jardineiro completa o ambiente doméstico.
12. Para além do lar, o passarinho, o padeiro, o comilão, o cego, o lutador (de preto) e o soldado (a perna esquerda soldada?) fazem suas colocações; o aviador e o navegador vasculham espaços. Uma pedra e a MORTE completam os encantos do cenário.
13. A pedra diz: se está aqui porque se está aqui. A morte recomenda ‘... amar a vida’. Vestida de camisolão bege, com 11 manchas redondas em amarelo, observa no horizonte uma abelha voar para o alto e para longe, com tons de bege e amarelo no corpo, asas azuis e cabeça preta.
14. A história percorre um tempo: inicia com o amor dos pais e termina com o sopro de cinco velas, no aniversário do menino.
15. As mulheres aparecem na condição de afeto: irmã, mãe, avó.
16. O pato, embora sua artilharia terra-mar-ar não tem ideia de nada. Confirma o ditado popular: ’Me tiras para pato?’.
17. ‘Para cantar a sua canção’ diz o passarinho. Interpreto como ‘para construir a sua vida’, no mundo em construção.
18. ‘A GRANDE QUESTÃO’ são dúvidas existenciais. Fisga maciamente a origem das coisas, interroga o sentido delas, remete à reconstrução e lembra a morte. Uma reflexão sobre a vida.
19. É uma abordagem sócio-política-cultural (...) e fundamentalmente filosófica, através da arte literária e da ilustração.
20. Tudo aparentemente simples: no visual, na beleza, na rapidez e absolutamente profundo.

domingo, 21 de novembro de 2010

Palavra de Confrade 14 - Marô Barbieri

Marô Barbieri é escritora, contadora de histórias e, atualmente, dirige a Associação Gaúcha de Escritores. Além de ministrar cursos, oficinas, palestras, Marô faz da escrita uma forma de aproximação com os pequenos leitores, despertando neles o desejo de mais e mais palavras. Autora de, entre outros, A princesa que não sabia chorar, Os olhos mágicos do João e A caneta falante.

1. Em que aspectos, na sua opinião, a literatura infanto-juvenil reina?
A literatura para jovens é mais uma das consequências da valorização da criança no mundo moderno. Descobriu-se que a criança, em suas características e especificidades, pode tornar-se leitor e consumidor de livros muito mais cedo do que se pensava. E que há formas de contar histórias que podem favorecer esta leitura.
Esta nova forma, distanciando-se dos relatos não literários dos antigos contos maravilhosos, passou a exigir dos escritores uma nova perspectiva e um compromisso efetivo com a arte da palavra. E vários deles investiram neste novo tipo de texto. Que nem é tão novo assim, mas que exige cuidado, sensibilidade e – principalmente – respeito à criança leitora. Um texto claro, luminoso, inventivo e sem limites para a imaginação, no caso das histórias fantásticas para os menores, e de um retrato sensível, reinventado da realidade, para o adolescentes.
Talvez por isso a literatura para jovens tenha adquirido tanta importância no cenário cultural contemporâneo.

2. Dos 43 encontros que a Confraria Reinações – Porto Alegre promoveu, qual foi o mais marcante para você? Por quê?

O que mais me tocou foi aquele em discutimos O gato malhado e a andorinha sinhá, de Jorge Amado, apresentado pelo colega Hermes Bernardi Jr. Me encantou o contato com uma faceta pouco conhecida do celebrado escritor: um texto belíssimo, extremamente qualificado, poético, sensível e – ao mesmo tempo – cheio de verdade.



3. O que é, na sua opinião, qualidade quando se pensa textos que se destinam à criança e/ou ao adolescente?
Vou transcrever aqui um texto que mandei para o livro da escritora Ieda de Oliveira : A qualidade no texto de literatura infantil e juvenil – a palavra do escritor
“(...)
O texto literário está em outra dimensão da linguagem, não basta escrever com clareza e precisão. Outra relação é necessária: o texto literário exige compromisso. Um compromisso que implica em uma séria relação com a estética, com a construção intencional, laboriosamente estruturada, com a beleza da sonoridade, da cadência, da fluidez.
Literatura é uma arte que usa como material de trabalho a palavra. Portanto, para escrever literatura é preciso amar a palavra. É preciso conhecê-la muito bem, é preciso lidar com ela com a espontaneidade que só uma profunda convivência permite.
(...)
Neste novo século, a produção de literatura para jovens vem tomando esta feição. Escritores e ilustradores tornaram-se mais competentes, mais cuidadosos e mais qualificados. A cada nova história publicada, aumenta o desafio da descoberta. A cada poema que surge, a cada nova voz, timbre, nuance, mais aumenta a responsabilidade do escritor.
Porque uma obra literária, mesmo que feita para iluminar o universo infantil e juvenil, deve ser, antes de tudo, uma obra feita para qualquer leitor, um peça de arte, onde a qualidade do trabalho com a palavra não é apenas obrigatória, é a alma mesma do texto e da relação que se vai construir com o leitor.
Portanto, quando a palavra é trabalhada, amada e respeitada, o resultado é a qualidade do texto.”

4. Você é escritora de narrativas e de poesia. O seu processo de escrita é semelhante em cada gênero?

Certamente não, mas sem desfazer da construção narrativa. Na poesia, a exigência é maior. Trabalha-se com um nível alto de abstração e as habilidades linguísticas do leitor precisam ser constantemente desafiadas. O grande lance é construir este desafio com a beleza e a economia que a poesia requer.
Mesmo o poema mais ingênuo e simples não prescinde de talento e cuidado.

5. Dizem que a nascente de um leitor está na capacidade dos adultos que o cercam de contar histórias. Qual é, afinal de contas, a importância da contação de histórias na pré-história de um leitor?

A contação de histórias sempre foi o berço de bons leitores. Atualmente o papel da narrativa oral, tão importante na construção de um imaginário rico e variado, quase não existe nas famílias. Por isso a importância do recomeço dos grupos de contadores nas casas, nas escolas, nas comunidades, na rua, nas praças.
É preciso refazer o caminho da fantasia pela voz do contador. Porque de uma coisa não há dúvida: todo mundo gosta de ouvir uma boa história!


6 . Que dica de leitura você daria aos confrades da Reinações? Por quê?
Ler, ler e ler! Por que só assim a gente vivencia esta aventura.
Mas que já querem uma indicação de livro, recomendo A mentiras de Paulinho, de Fernanda Lopes de AlmeidaEditora Ática, que já ultrapassou a 20ª tiragem.
Na sua simplicidade, o texto de Fernanda fala exatamente sobre a literatura e sobre quem a faz.


7. Que palavra de Confrade você gostaria de conhecer mais?
Me encantaria saber mais sobre o nosso coordenador/chefe, professor, escritor, agitador cultural, meu amigo, Caio Riter.

sábado, 20 de novembro de 2010

Notícias da Reinações

Pessoal, alguns avisos:

1. O pessoal do RJ escolheu dois livros de Wolf Erlbruch como leitura-debate de dezembro: A grande questão e O pato, a morte e a tulipa (sobre esse há algumas informações abaixo). A editora é a Cosac Naify. A Artes e Ofícios distribui, se comprado direto dela consegue-se descontos de 25%. Se alguém quiser, posso providenciar, mas ainda não sei o valor.

2. Alguém se habilita a coordenar?

3. Porto Alegre optou em antecipar seu encontro em virtude da proximidade das festas natalinas. Nosso encontro será no dia 14.12. RJ seguirá no dia 21. E Caxias? Fecha com a nave-mãe ou mantém 21? Sintam-se livres pra decidir.

4. A leitura escolhida pelo pessoal de PoA para janeiro é O ladrão de raios, de Rick Riordan, Ed. Intríseca. Coordenação em PoA: Christian David

Abraços


O pato, a morte e a tulipa - Wolf Erlbruch
Edição de 2009
Editora Cosac Naify

Sinopse:
Prêmio Hans Christian Andersen pelo conjunto da obra, o alemão Wolf Erlbruch dá sequência, neste lançamento, às suas inquietações sobre o nosso lugar no mundo. Se em A grande questão procurava respostas para "por que viemos ao mundo?", em O pato a morte e a tulipa questiona "para onde vamos" por meio de uma amizade incomum. Se dizem que a morte nunca atrasa, o autor nos mostra que, ao conhecer e se encantar com um pato, ela perde a noção do tempo e até desfruta um pouquinho da vida. O pato a ensina a mergulhar no lago, subir em árvores e tirar uma soneca. E onde a tulipa entra nesta história? A resposta cabe ao leitor.

domingo, 31 de outubro de 2010

CONFRADES NA FEIRA

Pessoal,
muitos confrades estão envolvidos com lançamentos e mesas na Feira. Estou enviando material recebido dos confrades. Vamos prestigiar a confrariada fazendo pelo livro e pela leitura. Abraços

SIMONE SAUERESSIG
DIA 02/11 - 19h 30min - Mesa: A ficção a serviço da memória
20h 30 min - Autógrafo Aurum Domini - Praça de autógrafos

CAIO RITER
Dia 06/11 - 18h - Autógrafos - Praça de autógrafos (livros: O tesouro iluminado (ilustrado pela confrade Martina Schreiner) e O outro passo da dança.

SERGIO NAPP
Dia 05/11 - 19 h - Autógrafos Aqui dentro há um longe imenso - Ducha das letras

ZILÁ MESQUITA
DIA 09/11 - 19 h - Mesa Professores leem Clarice - Biblioteca do Cais

DILAN CAMARGO
DIA 07/11 - 16h - Autógrafos Diário sem data de uma gata - Deck dos autógrafos
DIA 14/11 - 18h30min - Autógrafos Poeplano - Território das escolas

JACIRA FAGUNDES
DIA 04/11 - 19 h - Mania de gavetas (autógrafos) - Memorial do RS -
DIA 11/11 - 17h - Bruxalisa e Lagartixa - Ducha das letras

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Napp convida

Notícias da Reinações

Pessoal,

1. Dia 19.10, com coordenação da MARIA DA GRAÇA ARTIOLLI, estaremos realizando nosso 42º Encontro da REINAÇÕES, com o livro LIS NO PEITO, O LIVRO QUE PEDE PERDÃO, de JORGE MIGUEL MARINHO, vencedor de inúmeros prêmios.

2. Em anexo segue convite enviado pela confrade-fundadora ELAINE MARITZA para bate-papo com ROSANA RIOS, autora de A VOLTA AO MUNDO EM 80 MITOS. Para quem curte mitologia, é um momento raro.

3. E em homenagem àqueles que jamais deixaram morrer a criança que vive neles, que são seres de fantasia, que acreditam no sonho, que não deixaram o coração secar ou congelar pelas adversidades do cotidiano da vida adulta, ofereço a canção (quase hino) de Toquinho: Aquarela! Clique aqui e receba seu presente: http://www.youtube.com/watch?v=UjRwuGsugdE&a=GxdCwVVULXec_SHsp23BoWGtnZFd-qpv&list=ML&playnext=1

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dupla de peso: Marô e Helô

Abaixo, convite para o lançamento do livro em parceria de duas confrades nossas: a Helô Bacichette (Reinações-Caxias) e a Marô Barbieri (Reinações-PoA). E a edição é bilíngue! Haverá lançamento no Uruguai e no Brasil. Sucesso, meninas! A Reinações saúda vocês!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Palavra de Confrade 13 - Simone Saueressig

Simone Saueressig é escritora e professora de balé. Tem vários títulos publicados para o público infantil e infanto-juvenil, como A Noite da Grande Magia Branca, Editora Cortez, e A Fortaleza de Cristal, L&PM Editores. Em 2003 conquistou o 1º lugar no concurso Leia Comigo, da FNLIJ e o 1º lugar no concurso Museus: Mundos Imaginários, promovido pelo Museu Imperial de Petrópolis. No site http://www.porteiradafantasia.com/ pode ser lido seu e-book gratuito O pitbull é manso, mas o dono dele já mordeu uns quantos. Abaixo, Simone lança suas opiniões sobre a LIJ, sobre a Reinações e sobre o fazer literário.

1. Em que aspectos, na sua opinião, a literatura infanto-juvenil reina?
Na aventura. Acho que nenhum outro gênero sabe lidar tão bem com a metáfora da vida
como a Literatura Infanto-juvenil, justamente porque o público para o qual esta destinada em primeira mão é um público que está descobrindo a imensa aventura que é a vida.

2. Dos 40 encontros que a Confraria Reinações promoveu, qual foi o mais marcante para você? Por quê?
Infelizmente, eu não pude participar da maioria e não pude participar justamente daqueles que eu mais queria, que foram os encontros para discutir A História Sem Fim, de Michel Ende e O Hobbit, de Tolkien. Mas dos poucos encontros a que fui, adorei aquele em que se discutiu A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Verne. Foi interessantíssimo, porque me dei conta de coisas sobre a recepção de texto que de modo geral a gente vê mais em artigos e livros sobre Literatura.

3. O que não pode faltar num texto que se destina à criança e/ou ao adolescente?
Qualidade, mas isso é um pouco bobo de se dizer: toda a obra, seja de literatura, ou de qualquer outra forma de Arte deve ter um compromisso expresso com a qualidade. O quesito seguinte é a emoção. Mesmo quando se está contando uma história de aventura, se ela não tiver emoção, se ela não falar de seres humanos com seus defeitos, anseios, qualidades, medos e coragens, se ela não falar ao coração, o leitor ficará de fora, será quase excluído. Sua única função seria decifrar o texto. E a parte do leitor, na minha opinião, é reinventar o texto a partir da leitura, que estará repleta de significados próprios, nascidos de sua experiência de vida. Neste sentido, a Literatura é uma via de mão dupla, e o leitor tem uma função tão importante quanto a do escritor, tenha ele a idade que tiver.

4. Você tem vários livros juvenis que se caracterizam por mergulhar num universo fantástico, sendo que, hoje, vê-se na fantasia uma vertente bastante interessante para quem produz literatura. Por que, na sua opinião, o fantástico é fonte de atração para os leitores jovens?
Acho que de uma maneira geral, a Fantasia é o gênero onde melhor se pode jogar com as metáforas sobre o cotidiano e por isso muitos jovens leitores sentem-se mais à vontade com ela – e não só os jovens leitores, diga-se de passagem. As metáforas são comuns em todos os gêneros, mas a Fantasia parece mais à vontade em se deixar ler em diferentes níveis e o leitor pode escolher em qual deles vai se inserir. Só para citar uma obra que já foi lida na Confraria, você pode ler A História Sem Fim como um excelente texto, como uma espécie de história de fadas, como uma fantasia psicológica e por aí vai, até chegar às metáforas que provavelmente o autor inseriu conscientemente, àquelas que ele não imaginou que estivesse inserido e àquelas que só o leitor será capaz de encontrar. Mas você não precisa ir tão longe para curtir o livro. Já uma obra como A Volta ao Mundo em 80 Dias, que têm um pé mais calcado na realidade, as metáforas são menos agudas, embora a profundidade de seus personagens não perca nada com isso.
Existe um outro aspecto para o qual J.R.R.Tolkien chamava atenção sobre as histórias de Fantasia em sua palestra “Sobre as Histórias de Fadas”, que ele proferiu na Universidade de St. Andrews, na Escócia, em 1937, e que acho importante sublinhar: muitos críticos acusam a Fantasia de ser uma literatura escapista. Mas, de acordo com o autor de “O Hobbit”, não se trata de uma “deserção” da realidade, senão de um “escape” em busca de alento para continuar a enfrentar um mundo que às vezes se faz incompreensível e extremamente duro e injusto – e não é a “injustiça” a principal reclamação do adolescente diante das negativas do mundo adulto? Este “escape”, diz Tolkien, é para voltar revigorado ao cotidiano – e é assim que eu me sinto quando leio uma boa história de Fantasia.
E por último, mas não menos importante, acho que no momento atual a Literatura de Fantasia é capaz de oferecer ao seu leitor valores que andam esquecidos: honestidade, honra, coragem, persistência... sei lá, uma lista muito grande. Não que os outros gêneros não tratem destes valores, mas a Fantasia parece estar completamente embasada neles. O mundo em que vivemos está passando por uma crise enorme de valores e a Fantasia, por estar profundamente relacionado com o Épico e o Drama, se enche desta gama de valores, sem analisá-los à luz do cotidiano. Em Coração de Tinta, de Cornélia Funke, por exemplo, é a coragem, o amor e a certeza de Mo e sua filha que vencem o terrível Capricórnio com a simples força da palavra – e mesmo assim, o mundo que fica para eles após a passagem do grande vilão não é o perfeito “viveram felizes para sempre”. Livros como este nos dizem: “você pode, você consegue. E se o mundo não for perfeito depois de você ter conseguido, pelo menos você será melhor e terá conquistado algo de valor em si mesmo”. Acho que precisamos acreditar nisso nos dias de hoje.

5. Como você avalia o atual momento pelo qual passa a literatura infanto-juvenil gaúcha?
Acho que é um momento muito rico, com nossos autores surgindo com força no cenário nacional. Basta ver a lista de candidatos ao Jabuti Juvenil deste ano: autores e editora gaúchas estão na lista. O que está faltando é conquistar espaços de relevância dentro do nosso próprio estado. Por que o Prêmio Zaffari, outorgado durante a Jornada de Passo Fundo, não dedica um ano para a Literatura infanto-juvenil, por exemplo? Não adianta apenas a gente ter autores e empresas de expressão. Precisamos conquistar mais espaços de repercussão, para chegar mais aos leitores. Se a nova Lei dos Direitos Autorais for aprovada do jeito que está, por exemplo, as editoras e livrarias – e os autores, por extensão – terão de repensar sua estratégia sobre como chegar aos leitores, porque as escolas deixarão de ser um público tão certo quanto eram até agora. Para usar uma metáfora, precisamos atravessar os portões da escola e chegar à rua e ali disputar o território com autores de outros países e com outras coisas que não a leitura: disputar o tempo do leitor com o celular, a internet, o mp3, as comprinhas no shopping e a novela da TV. Eu sou um bocado ambiciosa, já se vê, mas precisamos ser positivamente ambiciosos.

6 . Que dica de leitura você daria aos confrades da Reinações? Por quê?

Vou dar uma sugestão meio fora de moda: Um ianque na corte do Rei Arthur, de Mark Twain. Twain é maravilhoso, sua prosa é fina, irônica, divertidíssima! Prova que a Fantasia pode se dar muito bem com a ironia e o bom humor, sem deixar de lado o maravilhoso. Afinal, o livro se coloca “cientificamente” quanto a muitas “mágicas” de Merlin... mas não explica como o protagonista vai parar no tempo dos cavaleiros da Távola Redonda.
7. Que palavra de Confrade você gostaria de conhecer mais?

Marô Barbieri, que tem uma produção bastante expressiva e uma atitude corajosa frente ao mercado editorial tradicional.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mais conversas literárias


No dia 10.09, às 18h, na Livraria Nobel, do Total, o confrade Christian David estará trocando ideias sobre leitura e literatura, sobre seus livros e seu processo de criação. O entrevistador é Rodrigo Barcellos, também confrade. Já participaram do Conversas Literárias os escritores Luís Dill, Cláudio Levitan, Caio Riter e Marilice Costi. Na agenda, a confrade Laura Castilhos.

Conversas Literárias


No dia 09.09, às 19h30min, na Saraiva do Praia de Belas, o confrade Dilan Camargo estará trocando ideias poéticas com o público. Momento bom pra se ouvir e conversar sobre o bom de poetar, quer escritor, quer leitor.

domingo, 29 de agosto de 2010

Peter Hunt e a importância da literatura infantil

Crítico britânico discute importância da literatura infantil

EUCLIDES SANTOS MENDES - FOLHA DE SÃO PAULO

Em entrevista ao caderno "Ilustríssima", o crítico literário e professor emérito na Universidade de Cardiff, no Reino Unido, Peter Hunt, autor de "Crítica, Teoria e Literatura Infantil" (Cosac Naify, trad. Cid Knipel, 328 págs., R$ 59), analisa a importância reservada aos livros para crianças.
Folha - Em que a literatura infantil se diferencia de outras formas literárias?
Peter Hunt - A grande diferença é que, de algum modo, ela contém alguma ideia sobre a criança ou sobre a infância. Os autores que escrevem literatura infantil estão pensando em alguma ideia sobre a criança. Eles podem escrever para uma criança real que conheçam, sobre o que pensam a respeito das crianças em geral, sobre o que o editor pensa que as crianças são, sobre como as crianças deveriam ser, sobre como eles eram quando crianças ou como um presente para a sua própria infância perdida. Os autores podem adaptar, mudar ou alterar seu estilo ou conteúdo para uma linguagem que as crianças entendam, mas eles são, ainda assim, adultos, e não podem deixar de sê-los quando escrevem. Há sempre um adulto escondido num livro infantil. Isto é complexo. Mas há sempre alguma ideia de criança no livro. Livros infantis não podem ser simples -são escritos por adultos!

Folha - Há complexo de inferioridade na literatura para crianças?
Peter Hunt - Sim, mas somente porque muitos adultos pensam que ela deve ser simples porque é para crianças. Livros infantis têm sido excluídos da história literária: críticos adultos estão muito ocupados sendo adultos e rejeitam (ou têm medo) da sua própria infância. Por isso, olham os livros infantis para baixo, e assim há muita pressão sobre autores infantis e editores para pensarem que eles devem ser inferiores. Além disso, críticos adultos gostam de achar que são uma elite, um grupo de alta classe de intelectuais, enquanto ninguém pode falar sobre livros infantis! Isto está mudando, em parte porque os livros para crianças são agora financeiramente muito importantes para editores. Mais ainda porque as pessoas estão começando a entender que livros infantis são diferentes de livros adultos e não podem e não deveriam ser julgados segundo os mesmos critérios e ideias. Além disso, livros infantis são poderosos e perigosos, sobretudo porque a ideia de um "cânone", de que alguns livros são "melhores" que outros e que os livros para crianças não são tão bons quanto os clássicos adultos, está desaparecendo. Mais e mais, livros são julgados não por comparação, mas pelo que eles fazem. Por isso, nenhum é inferior ou superior. (Há também o problema de que as mulheres são muito importantes na literatura infantil -escrevem, publicam e dão livros às crianças- e, em muitas sociedades, elas são ainda consideradas inferiores.)

Folha - A legitimação crítica desse tipo de literatura está consolidada?
Peter Hunt - Não. Um grande problema é que, muito frequentemente, livros infantis são comparados com alguns livros adultos. Há literatura infantil popular, há livros sérios para crianças e clássicos infantis, exatamente como também existem livros populares, sérios e clássicos para adultos. Agora que muitas universidades estão encarando seriamente os livros para crianças, a literatura infantil está mais legitimada.

Folha - Como as novas mídias se relacionam com a literatura infantil?
Peter Hunt - A nova geração de crianças está crescendo e sendo educada por computadores, internet, videogames... Isto significa que ela pensa diferentemente das gerações anteriores: recebe informações de diversas formas, fazem conexões de diferentes maneiras. As crianças hoje contam histórias de modos diferentes (elas constantemente controlam as histórias, e histórias têm muitos autores). Por isso, os adultos têm que entender esta nova maneira de ler os novos tipos de literatura infantil que emergem (muito mais multimídia, com imagens, menos palavras, diferentes estruturas).

Folha - Que tipo de adaptação houve na edição brasileira do seu livro?

Peter Hunt - Cerca de um terço dele é novo. "Crítica, Teoria e Literatura Infantil" foi publicado [originalmente] em 1991, quando tínhamos que lutar pelos livros infantis muito mais do que hoje. Então, na nova edição, eu mudei a ênfase: menos luta e mais discussão sobre os modos como a literatura infantil é diferente e a maneira como os adultos tem que pensá-la. Desde que o meu livro foi escrito, houve uma explosão de livros sobre literatura para crianças. Procurei deixar o meu livro menos britânico. Cortei exemplos que poucas pessoas fora do Reino Unido compreenderiam, e tentei incluir exemplos mais universais. Além disso, mudei muitas das minhas ideias, e, por isso, há novos capítulos (como um sobre novas mídias).

sábado, 21 de agosto de 2010

NOTICIAS DA REINAÇÕES

Confrades,
algumas notícias para nossa organização:
1. O livro de setembro, indicado pelo pessoal do RJ, para leitura e debate é O OLHO DE VIDRO DO MEU AVÔ, do BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS, com coordenação de MARISA STEFFEN

2. O livro para debate em outubro, dia 19, será LIZ NO PEITO, O LIVRO QUE PEDE PERDÃO, de JORGE MIGUEL MARINHO, indicado pelo pessoal de PoA. Coordenação de MARIA DA GRAÇA ARTIOLI.

3. O Pessoal da LETRAS avisa que o livro de outubro já tem à disposição para quem quiser adquiri-lo. Passei hoje o nome do livro de setembro, creio que em breve eles o terão, a fim de evitar o problema que houve com a aquisição do HUGO CABRET, visto que sua editora não consigna.

E, agora, duas questões para que todo mundo se posicione:

1. A confrade MARIA INÊS pergunta se faremos o sarau comemorativo ao dia das crianças em outubro, a fim de que ela possa preparar suas crianças. Pensei que poderíamos pensar algo diferente, caso o confirmemos, a fim de dar um "up" no evento. Quem sabe uma sessão de autógrafos de algum confrade? Quem sabe uma contação de histórias feita por mais de um confrade, tipo leitura dramática? Que venham sugestões...

2. A confrade MARÔ BARBIERI, no último encontro fez um questionamento que me fez ficar pensando sobre: Por que cada sede da REINAÇÕES não ter independência na indicação das leituras? Afinal, se mais sedes surgirem, cada sede indicará quantos livros? Os livros indicados têm a ver com a identidade e interesse de cada sede? Poderíamos manter a identidade dos grupos a partir do debate de LIJ na mesma hora e mesmo dia. Que lhes parece? Por favor, se manifestem.O pessoal do RJ, quando aderiu à confraria, já havia feito tal questionamento.

Abraços

domingo, 15 de agosto de 2010

A pequena vendedora de fósforos

Confrades,
em 2007, o curta-metragem da Disney, A pequena vendedora de fósforos, inspirado no conto de Hanz C. Andersen, concorreu ao Oscar de melhor curta.
Deem uma olhada, vale a pena. Ele é de uma sensibilidade tamanha, e sem usar palavras. Apenas a tristeza da solidão de uma menina num dia de neve e frio.
Acesse: http://www.youtube.com/watch?v=YuhG-lcCBx8&feature=fvsr

40º ENCONTRO DA REINAÇÕES


sábado, 7 de agosto de 2010

A maior flor do mundo

A confrade Elaine Maritza nos envia dica de curta-metragem: A maior flor do mundo, versão para o único livro infantil escrito por José Saramago. A narração é dele mesmo. Vale a pena assistir. Acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=YUJ7cDSuS1U

domingo, 1 de agosto de 2010

Onze confrades em Caxias

No dia 27/07, a Reinações-Caxias comemorou seu 1º aniversário. O momento serviu, além de celebrar nossa parceria na serra, para um grupo de onze confrades ligados à Reinações-Porto Alegre irem a Caxias participar do encontro, trocar ideias e carinho pelos livros. Momento rido de trocas em que, organizado pela confrade Helô Bacichette, ocorreu uma série de depoimentos sobre livros que marcaram a vida de algumas pessoas. Ricos testemunhos de amor aos livros, de vivência de leitura na infância. De Porto Alegre, via van, os onze abaixo aproveitaram o deslocamento para traçar planos, trocar impressões e planejar mais e mais atividades da Reinações: Ala masculina (atrás): João Carlos, Caio, Hermes, Christian e William. Ala feminina (na frente): Maria Inês, Elaine Maritza, Jacira, Zilá, Maria da Graça e Liza.



Palavra de confrade 12 - Zilá Mesquita

Zilá Mesquita começou sua vida docento como alfabetizadora. Atuou como professora de crianças e de adolescentes, como professora e pesquisadora na UFRGS. Publicou enaios acadêmicos no Brasil e no exterior. Com a história O macaquinho que saltou do livro, foi destaque no Prêmio Habitasul/Correio do Povo- Revelação Literária 82. Aposentada, faz mil pequenas coisas.. Dentre elas a escrita a 28 mãos de um romance em 2009: Apolinário e Esmê – Luz e sombra no paralelo 30 - Porto Alegre, Ed. Nova Prova.

1.Em que aspectos, na sua opinião, a literatura infanto-juvenil reina?

Parece-me que antes de reinar, ela acontece na vida da gente, para depois, sim, reinar. O que quero dizer com isso? Ela acontece quando alguém, geralmente na infância, é apresentado a uma boa, a uma ótima história. Geralmente há um apresentador, uma espécie de padrinho ou fada-madrinha que, através da oralidade, neste primeiro momento nos encanta contando algo que faz de nós antes de leitores, ouvintes atentos. Imagino, por exemplo, que “As aventuras do avião vermelho” quando contadas por Érico Veríssimo a seus filhos, tenham influenciado o Luis Fernando e a Clarissa, como me influenciaram as histórias contadas pela minha tia Maria.
Pessoas que foram alfabetizadas tarde, já na adolescência, (e depois se tornaram “amigos das leituras”) como o historiador e professor universitário Tau Golin ou a senadora Marina Silva, parecem ter tido estes “apresentadores” em suas vidas, antes mesmo do contato direto com os livros. Este “padrinho” ou “madrinha” é alguém que nos cativa como contador ao ponto de, mais tarde nos tornarmos enamorados da leitura, porque queremos saber mais histórias enamorantes.
Mas, assim como na vida, nem todos os dias são “Dia dos Namorados”, (leia-se: dos Encantados). Após esta iniciação, quando já travamos contato direto com os livros, é preciso “cultivar a relação”. É quando o encantamento vai se transformando em amor. É quando se proporciona ao leitor, especialmente o iniciante, a oportunidade de se evadir do seu aqui e agora por algum tempo e se transportar com expectativa para o universo de outros – os personagens que, em seu lugar vão viver experiências de medo, alegria, inveja, aflições, coragem, incertezas.
É então que a literatura, além de encantar, é capaz de transformar quem lê num buscador. O que quero dizer é que a boa literatura provoca não apenas aquele desejo de “quero mais”, mas transforma a leitura num hábito, quase um vício que acaba precisando ser praticado muito. E, se o vício de ler se instala assim, estão postas as condições para uma etapa mais árdua – a de leitura de estudo, em que o leitor, se bem formado, interroga o autor, confronta com as suas experiências, enfim interroga a vida enquanto lê. Pena que nem todos passem por esta transformação porque é aí que a literatura passa a reinar mesmo em nossas vidas. (Estou pensando no Tales, citado mais adiante).


2. Dos 38 encontros que a Confraria Reinações promoveu, qual foi mais marcante para você? Por quê?

Primeiro esclareço que participo há um ano apenas, e, no ano passado, por força de compromisso assumido às terças-feiras, deixei de participar de vários, embora tenha lido todos os livros de cujas reuniões não pude participar. Entretanto, dos que não participei das discussões, me marcou muito a leitura de Isto não é um filme americano, do Lourenço Cazarré. Este livro sobre jovens é “uma injeção direta na veia” de vários aspectos da realidade brasileira usualmente apenas presentes de forma lacônica e fria nas páginas policiais. A meu ver o Lourenço trouxe, para a descoberta do leitor, toda a sua experiência de jornalista e o conhecimento de como atuam alguns setores da mídia.
Outro encontro, este em que estive presente, e que me marcou , foi quando discutimos os livros infantis da Clarice Lispector, que me marcou pela surpresa que este encontro me proporcionou. A surpresa de manifestações de desacordo de como a autora conduziu a narrativa ou o tema abordado. Entenda-se: a surpresa não significa uma manifestação de contrariedade de minha parte, mas ela foi como um choque diante do inesperado. E, de repente, de vez em quando a gente leva um sacudão e fica pensando mais nas coisas, nos pontos de vista diferentes, não é mesmo? O clima que envolve nossos encontros é de cordialidade, espontaneidade e respeito pelas formas de expressão alheia. E isto eu valorizo muito!

3. Qual é, na sua opinião, a principal diferença entre escrever para crianças e adolescentes ou para gente adulta?

Penso mais nas concordâncias que nas diferenças. A principal concordância é a tão propalada qualidade. Escrever para crianças e adolescentes requer o mesmo cuidado e atenção que escrever para adultos, com o acréscimo de que o/a escritor/a está se dirigindo a um público que está se formando como leitor e não pode - entende? - Não pode perder este leitor, não pode transportá-lo para a terra do “nunca mais!”
O desafio se torna grande, enorme mesmo, agora em que os jovens e crianças têm outros “padrinhos e madrinhas” não presenciais: a TV, o cinema, o vídeo (que transforma em desenhos animados as histórias que líamos para os pequenos) que presentifica na tela em ação, as aventuras antes lidas somente em livros; a internet, com o twitter, o orkut, o youtube, blogs, que são ou podem ser contadores de histórias muito diferentes daquelas contadas em livros. E é aí, me parece, que residem as diferenças desafiantes.
Além disso, neste panorama de tantas ofertas sensoriais, há uma enorme possibilidade de nos tornarmos seres distraídos, dispersivos, porque nossa atenção é solicitada a todo o momento e em múltiplos aspectos e direções.
A literatura que nos cativa - adultos ou crianças - tem a característica de ser envolvente e não há envolvimento sem concentração, sem se estar “por inteiro” naquele instante presente. Logo, todo o envolvimento requisita concentração numa coisa só, naquele dado instante. É “ser de sua amada por inteiro” parodiando Vinícius de Moraes. E isso a leitura faz com propriedade através deste tipo de literatura.


4. O que é pra você qualidade quando se fala em literatura infanto-juvenil?

Quando eu leio um livro de literatura infantil ou juvenil, o que espero encontrar é sensibilidade e emoção na escrita, mas também respeito por aquele ser que está ensaiando e exercitando análises, comparações e sínteses, processos internos que o habilitem a elaborar um pensamento lógico com clareza. Espero que estas leituras, sem nenhum tom pedagógico ou doutrinário, o ajudem, sejam mais um elemento entre outros, capaz de auxiliar um leitor “de qualquer coisa que lhe caia nas mãos” a se transformar num leitor crítico, seletivo, aquele que consegue transpor a barreira do simples “gostei ou não gostei”, alguém capaz de explicitar o porquê de suas escolhas.
É aí que a literatura reina: quando ajuda alguém a estruturar-se melhor como ser humano. E essa responsabilidade aumenta, quando professores e/ou pais não estão conseguindo ajudar a formar mentes e corações capazes de discernir. Fazer este trabalho de formiguinha que é possibilitar que alguém se evada do analfabetismo funcional ou do bombardeio diário de informações acriticamente recebidas, repetidas e que, por emulação vão espalhando estereótipos, representações sociais tidas como opiniões próprias, é, a meu ver, “A” tarefa aqui ou em qualquer outro lugar do mundo.
A outra tarefa de Atlas é incluir, captar este público infanto-juvenil alheio à escuta e quem dirá à leitura! Exemplo: Outro dia, na Biblioteca Lucília Minssen, encontrei o Tales, 13 anos, brincando sozinho de atirar com brinquedos de plástico que fazia às vezes de armas. Não quis nem se aproximar das estantes, muito menos de qualquer livro. O fato de estar lá, com outros dois colegas que jogavam damas, talvez se devesse a só passar o tempo, após uma aula de um projeto de inclusão social da Casa de Cultura Mário Quintana. Há ou não há muito o que fazer por aí?
Desculpem este ar de discurso. Vou resumir tudo no seguinte: para mim, qualidade em literatura é quando um livro nos faz ficar pensando sobre o que ele nos relatou. Se for com encantamento, melhor ainda!
Melhor ainda mesmo se ao acabarmos sua leitura saímos nos perguntando: E se fosse eu? E se fosse comigo? Como seria? O que eu, no lugar deste personagem faria? Por quê?
Há livros que me levaram a pensar nisso e em outras coisas e por isso não passaram “em brancas nuvens” por mim. Antes de tudo, porém, um bom livro é aquele que concilia emoção e razão.


5 . Existe algum tema tabu ao se pensar a literatura para criança e para adolescente, enfim, algum assunto que não seja adequado?

Não creio que haja propriamente temas tabus, mas sim temas pouco explorados. Quer ver um deles? Somos um país cuja população está envelhecendo. É só dar uma olhada nas mudanças na pirâmide etária brasileira dos últimos anos. Isto tem várias consequências que nem vou citar para não desviar do assunto.
Contudo se a este fato acrescentarmos a forte presença dos “padrinhos e madrinhas” não presenciais antes mencionados – TV, twitter, orkut, youtube, blogs – como e com que frequência se dá hoje o diálogo intergeracional, ou seja entre mais velhos e mais jovens? Esta uma pergunta que tenho me feito e este é um tema, talvez, a prospectar.


6 . Que dica de leitura você daria aos confrades da Reinações? Por quê?

Puxa, que pergunta difícil! Vou fazer um esforço e citar só dois. Pode? Não são “literatura juvenil” entendida como escrita para jovens, mas sobre jovens, envolvendo jovens.
Um deles é O clube do Filme, editora Intrínseca, do canadense David Gilmour, que trata de como um pai, com extrema sensibilidade e carinho relata a sua experiência e o seu desafio, numa fase complicada de sua vida, tendo ainda que lidar com um filho de 15 anos, “colecionador de reprovações em todas as disciplinas”. Sobre este livro, eu escrevi para mim mesma: lido com muito prazer em 2009!
Raramente encontro tempo para reler um livro, mas o segundo a citar, foi lido duas vezes em diferentes momentos. Foi um livro publicado há mais tempo que virou filme e, o que raramente acontece, com extrema fidelidade. Chama-se: Harold e Maude - Ensina-me a viver, de Colin Higgins, editora Record. Justamente trata com alegria e humor de conflito e diferenças entre gerações e modos diversos de encarar a vida.

7 . Que palavra de Confrade você gostaria de conhecer mais?

Difícil é fazer escolhas. Eu já demonstrei isso, não foi? Priorizar uns e deixar outros de lado. Na verdade eu gostaria de conhecer a palavra de mais de um, mas, como a necessidade obriga, vou fazer só uma opção: Simone Saueressig.

Palavras da Graciela Quijano

Prezados confrades,
agradeço os convites que recebo regularmente para participar de Reinações, a minha ausência deve-se ao foto de estar morando, desde o ano passado, em Foz de Iguaçu trabalhando como professora convidada da UNILA, uma universidade federal com uma proposta inovadora, que iniciará suas aulas no més que vem. Parabéns pela iniciativa, pela sua abrangência, sensibilidade para a escolha dos temas, pelo bom gosto na elaboração dos convites, em fim, por tudo que faz que esta atividade se mantenha viva e propiciando uma formação indispensável aos professores e interessado nos temas de literatura-infantil e juvenil. meu abraço,

Graciela Quijano
UNILA - Universidade Federal da Integração Latino-Americana
TEL: +55 (45) 3576-7307
"Casa da Leitura" Asse. Filhos de SepéCEL: (51) 8404-0338

sábado, 31 de julho de 2010

Mensagem de Helô

Abaixo, mensagem da confrade caxiense Helô Bacichette sobre a participação de 11 confrades da Reinações-Porto alegre na comemoração de um ano da Reinações-Caxias:

Queridos confrades,A presença de vocês na Confraria Reinações foi muito, muito importante para todos nós. Super emoção! Muitos convidados expressaram sua admiração pelo clima da Confraria; outros comentaram sobre o quanto representou a vinda de vocês para nossa cidade. E foi geral o "Bah, que dez! Em nome de todos os confrades de Caxias, envio abraços. Nosso agradecimento e o desejo de que essa parceria continue se renovando a cada ano com e pelas palavras, gestos e arte.Obrigada (repetidas vezes) pela generosidade dessa partilha literária. Beijos e até,

Helô

domingo, 25 de julho de 2010

Reinações-Caxias faz um ano!

Na próxima terça, a Reinações-Caxias tem atividade especial para comemorar seu um ano de atividades ininterruptas. A Literatura infanto-juvenil subiu a será e anda aprontando a mil por lá. Da Reinações-Porto Alegre, irão 10 confrades confraternizar com o pessoal de Caxias. Abaixo, o convite:

sábado, 24 de julho de 2010

Convite do Carlos

Pessoal,
o Carlos Pessoa de Brum, nosso amigo confrade, está de livro novo. O lançamento ocorrerá no dia 31 de julho. Convite abaixo.



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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre amigos e livros

A confrade Magda Brito nos presenteia, nesse dia do amigo, o poema de Mateo Alemán que fala de amigos e de livros. Que os livros sempre nos aproximem de mais livros e de tantos e verdadeiros amigos.

AMIGOS

Devem-se buscar os amigos como os bons livros,
Pois a felicidade não está em que sejam muitos,
Nem diferentes, antes em que sejam poucos,
Bons e bem conhecidos.

Mateo Alemán (1547-1614)

domingo, 11 de julho de 2010

A Reinações vai ao cinema

Pessoal,
a ideia é a seguinte: Sábado, dia 17, a gente vai ao Guion na sessão das 16h30min. Depois, fica por lá mesmo tomando um café e papeando sobre o filme. Lembrem que o livro já foi tema de uma debate nosso. Quem topar, apareça.

GUION CENTER 3O PEQUENO NICOLAU91 MIN/ LIVRE CÓPIA LEGENDADA E ÚNICA CÓPIA EM 35mm 14h45 – 16h30 – 18h15 – 20h

Indicado ao Prêmio César como Melhor Roteiro Adaptado (2010) - Criado em 1959 pelo ilustrador Jean-Jacques Sempé e pelo escritor René Goscinny (1926-1977/ASTERIX), ambos franceses, o personagem Pequeno Nicolau rapidamente se tornou o protagonista de uma das principais séries infanto-juvenis da França.O PEQUENO NICOLAU, de Laurent Tirard tem roteiro de Goscinny e Alain Chabat (excelente ator de comédias como as já vistas no Guion - A NOIVA PERFEITA (2006), DIDIER (1997) e RRRRRRR!!!NA IDADE DA PEDRA (2004)). Segundo o diretor Tirard, ele recebeu da filha de Goscinny, Anne, os direitos para filmar com o compromisso de fazer uma obra-prima. Com esta responsabilidade, o cineasta se esmerou agradando a crítica e o público: O PEQUENO NICOLAU foi o quarto filme mais visto na França em 2009, perdendo apenas para os blockbusters americanos “Avatar”, “Era do Gelo 3” e “Harry Potter e o enigma do príncipe”. O filme é uma introdução ao universo do Pequeno Nicolau. Os amigos, os pais, os professores, todos são apresentados com uma montagem ágil. O humor e a imaginação característicos do personagem também são mantidos, numa trama que retrata seu medo de ganhar uma irmãzinha e ser deixado de lado pelos pais. O menino é interpretado por Maxime Godart, e seus pais, por Valérie Lemercier e Kad Merad.

Sinopse:O garoto Nicolas leva uma vida tranquila. É muito amado por seus pais, tem uma turma de amigos com quem se diverte bastante. Para ele, nada precisa mudar. Mas um dia, Nicolas surpreende uma conversa entre seus pais que o faz achar que a mãe está grávida. O menino entra em pânico e já imagina o pior: tão logo nasça um irmão, seus pais deixarão de lhe dar atenção e vão abandoná-lo na floresta como as histórias do Pequeno Poucet, de Perrault.

Levitan e os Tripulantes


O confrade Cláudio Levitan, no dia 20 de julho, estará apresentando, conforme convite ao lado, espetáculo musical. Vamos prestigiar!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Convite Confraria Carioca

Tudo começou numa noite fria em Porto Alegre, era maio do ano de 2007, dezesseis pessoas reunidas em uma livraria para comentar e discutir a leitura de textos infantis e juvenis...
Poderia ter sido um só e único encontro, mas foi apenas o começo de uma história de sucesso que já completou três anos e segue agora espalhando sementes pelo Brasil.
A Confraria Reinações reúne, mensalmente, escritores e leitores de literatura infantil e juvenil, interessados em debater a produção literária voltada às crianças e aos adolescentes, seu espaço e importância na formação de público leitor e seu caráter de Arte.
Para tanto, a cada mês, é escolhido um livro infanto-juvenil ou a obra literária de um escritor para ser comentado no encontro.
Para saber muito mais sobre a história da Confraria Reinações visite o blog: http://confrariareinacoes.blogspot.com/

Reinando no Rio de Janeiro

No dia 11/06/2010, durante o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, foi inaugurada a Confraria Reinações CARIOCA.
O encontro inaugural contou com a presença de alguns dos "confrades fundadores" gaúchos e com um número expressivo de pessoas.
No encontro fizemos um bate papo sobre o clássico "Peter Pan" e definimos diretrizes para a Confraria Reinações Carioca.
Finalmente, no mês de julho, teremos o nosso segundo encontro no dia 20/07, às 19h, na Biblioteca Popular Municipal Machado de Assis, em Botafogo (Rua Farani, 53).
E para abrir as discussões o tema escolhido foi a obra infantil do escritor moçambicano Mia Couto com seus três livros: O gato e o escuro, O beijo da palavrinha e Mar-me-quer (este último não possui edição no Brasil, mas alguns confrades o têm, assim pensamos em incluí-lo).
Convidamos assim, os futuros confrades, à leitura dos textos de Mia Couto e a participação.
A Confraria está aberta a todos interessados!

Segue abaixo e em anexo o convite, por favor ajudem a divulgar.

Obrigada
Sds
Marilia Pirillo

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Notícias da REINAÇÕES

Pessoal,
houve pequena mudança em relação ao debate de julho. Ele ocorrerá no dia 20/07, terça, e o tema será a obra infantil do escritor moçambicano Mia Couto. Pensamos em centrar a discussão em 3 textos: O gato e o escuro, O beijo da palavrinha e Mar-me-quer (este não possui edição no Brasil, mas alguns confrades o têm, assim...).
A Letras e Cia possui os títulos nacionais e pode adquirir sob encomenda. Assim, se alguém quiser, entre em contato com a livraria que eles providenciam. Ok?

Dia 27/07, estaremos visitando Caxias para a celebração de um ano de atividade da Reinações-Caxias. No último encontro, sete confrades demonstraram interesse em ir até Caxias, para comemorar junto ao grupo serrano. São Caio Riter, Elaine Maritza, Christian David, Jacira Fagundes, Zilá Mesquita, Miriam Obino e Maria Inês Borne. Peço que me confirmem interesse e se mais alguém estiver a fim, entre em contato.
Abraços literários,

sábado, 19 de junho de 2010

Dilan: um confrade na Zero Hora

19 de junho de 2010 N° 1637

LITERATURA
O livro das descobertas

Um dos mais reconhecidos autores de livros infanto-juvenis do Rio Grande do Sul, Dilan Camargo lança hoje o volume Poeplano. A obra reúne 40 poemas voltados para as crianças, com temas que falam das dúvidas, das escolhas e de todo o universo dos pequenos.
Editado pela Projeto, Poeplano será festejado durante o dia na sede da escola de mesmo nome, localizada na Avenida José Bonifácio, 581, em Porto Alegre. A partir das 8h30min, haverá uma programação especial destinada a professores, pais e adolescentes, que visa a discutir o conteúdo do livro e a escrita para crianças de maneira geral (as inscrições foram realizadas com antecedência).
Em Poeplano, Dilan discute o início da fase de tomada de decisões, assim como novas situações que se apresentam para os pequenos. Como em O Sim e o Não, sobre a ideia de que a vida é feita de escolhas: “A descoberta do primeiro sim/ inaugura a vida e suas muitas fases.// A coragem do primeiro não/ afugenta a morte e os seus disfarces.// O sim e o não/ que se diz a cada instante/ num abrir e fechar de olhos/ são o diário de nossa biografia.// Entre sins e nãos/ folha a folha/ uma vida de escolhas.”
A internet, onipresente na vida das novas gerações, também aparece nos poemas. Sempre de um jeito delicado, que passa longe da frieza sugerida pelas relações nascidas com a rede, como em MSN: “Ternura diz:/ não consigo viver sem sentir.// Lucidez diz:/ não consigo viver sem pensar.// Ternura diz:/ sente, menina, sente./ Segue o teu coração.// Lucidez diz:/ pensa, menina, pensa./ Segue a tua razão.// Ternura diz:/ sem sentir, não vale a pena viver.// Lucidez diz:/ sem pensar, pode ser mais caro viver. (...)”
Poeplano terá nova sessão de autógrafos nesta terça-feira, dia 22, às 19h30min, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country. O livro tem projeto gráfico e ilustrações de Ana Claudia Gruszynski.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Convite Dilan Camargo

No mesmo dia do próximo encontro da confraria (É tarde para saber, 22/06) o confrade DILAN CAMARGO estará lançando novo livro POEPLANO. A ideia é, após a confraria, darmos uma passada na Cultura pra abraçá-lo. Quem puder se unir à caravana será bem-vindo.

Reinando no Rio de Janeiro

No dia 11/06, no SALÃO DA FNLIJ, foi inaugurada, com a presença dos confrades CHRISTIAN DAVID, DILAN CAMARGO, MAGDA BRITO, CAIO RITER, CLÁUDIA BECHLER E HERMES BERNARDI a REINAÇÕES-CARIOCA. O encontro inaugural contou com um número expressivo de pessoas e deu assunto para muita conversa. Oxalá eles façam uma história vitoriosa como nós estamos fazendo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Laura Castilhos com livro novo

Queridos amigos da Confraria Reinações

Gostaria muito que fossem ao lançamento de meu livro!
Nesta quinta, dia 10, às 19h30, estarei lançando na Fundação Iberê Camargo, o livro Tríptico para Iberê, editado pela COSACNAIFY, de minha autoria junto aos autores Daniela Vicentini e Paulo Ribeiro.

IMPORTANTE: Os incritos no evento receberão um exemplar do livro.

Inscrições pelo e-mal: cultural@iberecamargo.org.br

Segue abaixo programação completa.
Aguardo vocês,
Laura

sexta-feira, 28 de maio de 2010

NOTÍCIAS DA REINAÇÕES

Pessoal,seguem algumas notícias:
1. Nosso encontro de JUNHO, mudou de data. Será no dia 22, em virtude de jogo da Copa. A Letras fechará mais cedo. Assim, ficamos então na terça, dia 22/06, mesmo horário. Livro pra debate: É TARDE PARA SABER, de Josué Guimarães, com coordenação da JACIRA FAGUNDES.

2. No dia 11/06, às 14h, será inaugurada no RJ a REINAÇÕES-CARIOCA, uma "filial" nossa. O primeiro encontro ocorrerá no Salão do Livro IJ, eu e Hermes estaremos por lá. se mais algum confrade estiver pelo salão nesse dia, seja bem-vindo à reunião inaugural. O pessoal resolveu optar pela discussão de PETER PAN, em virtude de acharem pouco tempo para convocar para a leitura. Será uma reunião mais para apresentarmos nossa proposta de Confraria.

3. Dia 22/06, o confrade DILAN CAMARGO, na Livraria Cultura, às 19h30min, estará lançando seu novo livro. POEPLANO. Vamos agendar e prestigiar nosso colega poeta.

4. Para o encontro de JULHO, foram selecionados dois livros do MIA COUTO. Dois textos infantis: O GATO NO ESCURO e MAR ME QUER

terça-feira, 25 de maio de 2010

Entrevista

Para quem curte uma boa reflexão sobre o politicamente correto na Literatura, segue abaixo link enviado pela confrade Diana Corso, cujo título é O saci deve deixar de fumar?
Na sua coluna, Eliane Brum entrevista Mário Corso, sobre o que afinal a sanha das boas intenções está provocando no imaginário infantil. Vale muito a pena ler!

link:http://tinyurl.com/36d4gbj

Reinações no Rio de Janeiro

A REINAÇÕES segue expandindo suas discussões. O local agora é o Rio de Janeiro. No dia 11/06
estará sendo inaugurada Reinações - Carioca.
A reunião inaugural será das 14 às 16hs, no auditório do Centro de Ação da Cidadania, durante o XII Salão FNLIJ de Livros para Crianças e Jovens, e contará com a coordenação de Caio Riter.
O livro que iremos discutir será PETER PAN e, para aqueles que quiserem participar, recomendamos a leitura antecipada da tradução feita pela nossa associada Ana Maria Machado.
As reuniões seguintes da Confraria Reinações Carioca serão divulgadas em breve.
Como será a inauguração, o grupo carioca optou pela discussão de um clássico que já foi debatido na Reinações-Porto Alegre e que já foi tema de dois seminários desenvolvidos pelos confrades, em 2009 e 2010.

Após o encontro inicial, as discussões em Porto Alegre, em Caxias e no Rio serão sempre com os mesmos livros, prática que assegura a unidade entre as três células.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conversas Literárias recheadas de confrades

O confrade e escritor Rodrigo Barcellos deu a seguinte dica de evento:

"O nome do evento é "Conversas Literárias", e será dia 27/05, às 17:30hs, na livraria Nobel do Shopping Total. Este encontro terá a presença do escritor Luis Dill. No evento de Junho, o escritor convidado será o Caio Riter; em Julho a escritora, poetisa e arquiteta Marilice Costi; em Agosto será o escritor Hermes Bernardi. Os encontros serão sempre na última quinta de cada mês com entrada franca."

terça-feira, 11 de maio de 2010

Menino do Livro

Nossa confrade Jacira Fagundes, nos envia uma notícia muito legal:
A 11ª Coordenadoria de Educação do RS e a Câmara de Vereadores da cidade de Osório, selecionou projetos que premiaram alunos da rede estadual em 2009/2010 e o menino Lucas Alves Cardoso, de Sto Antonio da Patrulha, recebeu homenagem em sessão solene da Câmara por seu desempenho no projeto I Concurso Menino do Livro, criado por Jacira, em que os concorrentes deveriam criar ilustrações para seu livro inédito.

Maiores informações podem ser encontradas em:

www.jacirafagundes.com
http://historiasquepintam.blogspot.com

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Palavra de Confrade 11 - Miriam Obino

Miriam Obino é escultora e artista plástica. Participou de diversas coletiva e de vários salões de arte. Realizou individuais em Madrid, Espanha. Neste Palavra de Confrade, entre outras ideias, Miriam partilha conosco a estreita relação que percebe entre imagem e palavra.

1.Em que aspectos, na sua opinião, a literatura infanto-juvenil reina?
O gesto de ouvir, escutar, narrar, criar e finalmente escrever é o processo da reinação da literatura que tem início no momento em que a criança escuta pequenas histórias cantadas, faladas, sussurradas por quem as embala.

2. Dos 35 encontros que a Confraria Reinações promoveu, qual foi mais marcante para você? Por quê?
Não existiu um encontro especial. Todos os encontros são especiais. As reuniões se transformam em momentos mágicos. Fazemos comentários livres, abertos, provocativos e sempre saímos com um conhecimento ou uma experiência a mais. Os livros se transformam em algo vivo.

3. A confrade Diana Corso disse, no Palavra de Confrade 10, que você enxerga quadros no que lê. Em que medida o olhar da artista plástica auxilia a leitora Miriam?
Estou sempre rabiscando. Desde pequena tenho o hábito de transferir para o papel tudo o que me encanta e emociona. E vejo quadros sim, quadros já executados por algum artista. Em outras ocasiões são minhas criações que enxergo, vejo palavras formando outras palavras que criam outras imagens. Sou apaixonada por imagens, volumes. Quando leio, as palavras viram lugares, sons, movimento. O meu olhar, ao perceber manchas claras e escuras nas páginas dos livros, transformam estas manchas em figuras. Não creio que isto seja um olhar de artista, é só uma particularidade minha. Mas agora adquiri uma nova maneira de olhar um livro. Concentro-me na grafia, no seu significado, na sua cadência. É um novo brincar.

4 - Fale sobre um livro feito para crianças e/ou adultos em que a construção de imagens com palavras é "explosão de significados"?
A última edição do livro Alice no Pais das Maravilhas, de Lewis Caroll, tradução de Nicolau Sevcenko e ilustração de Luiz Zerbini. Na página 39, está a fala de uma rato em desesperança. A escrita está em forma de rato com seu longo e fino rabo. As palavras causam uma explosão para mim, mas isto depende de quem as lê.

5 - Quando você lê um texto produzido para criança ou para adolescente o que você quer encontrar?
Esta é uma pergunta muito ampla. As crianças até aproximadamente sete anos vivem num mundo onde tudo parece ser possível: um elefante vermelho voa ou uma minhoca fala, isso não lhes causa espanto, apenas atiça mais sua imaginação. Penso que o que queremos quando crescemos é criar com a mesma liberdade descompromissada das crianças.

6 - Que dica de leitura você daria aos confrades da Reinações?
Os livros infanto-juvenis de Mia Couto. Eles são escritos no meio de um vendaval de palavras que se entrelaçam, desprendem-se de suas raízes, mudam de lugar e de sentido, viram personagem, alegria, dor e amor. Viram vida.
Nota da Reinações: Entre os títulos de Mia Couto, pode-se citar O gato e o escuro ( Cia das Letrinhas), O beijo da palavrinha (Língua Geral) A chuva pasmada (Caminho) e Mar me quer (Nadjira).

7 – Que palavra de Confrade você gostaria de conhecer mais?
A palavra de Zilá Mesquita.